Criar uma solução local para a gestão de resíduos é um dos grandes propósitos de um projeto em desenvolvimento na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. A iniciativa, batizada de Na Laje Designs, começou reaproveitando tampinhas plásticas para a produção de skates.
Ali mesmo, dentro da comunidade, são recolhidas as tampinhas. O material provém de moradores, pescadores e de projetos sociais. Feito à mão, cada skate leva 1,5 kg de tampinhas plásticas em sua composição, o que equivale a cerca de 500 unidades.
Além dos resíduos plásticos, a fabricação dos skates também se dá localmente. Para isso, é utilizado um triturador, forno de pizza industrial, prensa mecânica e um molde. O processo consiste basicamente em coletar o “lixo”, limpar, separar, triturar, derreter e transformar em produto.
Já o eixo e as rodas são comprados no mercado de produção de skates convencionais. Cada skate leva duas horas para ficar pronto, suporta até 115 kg e é vendido por R$ 480 com as rodas ou R$ 260 sem as rodas.
Tendo começado com o skate, a ideia é desenvolver outras peças no futuro. Mais do que isso: reciclar outros materiais, além do plástico, como metal e vidro. Está nos planos também reutilizar redes de pesca.
Para além da reciclagem em si, criar um “centro de educação, inovação e oportunidades para lidar com esta crise de gestão de resíduos” é o maior objetivo, segundo o engenheiro mecânico canadense, Arian Rayegani, idealizador do projeto.
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Rayegani afirma que hoje a Rocinha, com uma população estimada de 150 a 200 mil habitantes, produz 230 toneladas de resíduos por dia.
Estamos descentralizando a reciclagem e trazendo soluções locais para o problema
Arian Rayegani, engenheiro mecânico
Inspiração
Para um país que recicla apenas 1,28% do plástico que produz, as chances de resíduos recicláveis terem um destino inadequado – como aterros sanitários – são enormes. Em entrevista à imprensa, o canadense afirmou que o projeto, que teve início em abril de 2021, já evitou que 700 quilos de tampinhas fossem descartados.
O “Na Laje Designs” também atua em sintonia com outras iniciativas locais. São elas: Salvemos São Conrado, Vivendo Um Sonho Surf, Horta na Favela e Família na Mesa.
Saindo dos limites da cidade maravilhosa, o projeto chamou a atenção da prefeitura de João Pessoa, que solicitou a Rayegani a elaboração de um projeto de reciclagem de plástico.
Entre as possibilidades, está a produção de skates em parceria com a secretaria de Juventude, Esporte e Recreação e a produção de bancos de praças a partir de plástico reciclado.
Em ambos os casos, o projeto deve envolver as associações de coleta seletiva apoiadas pela gestão. “Nosso objetivo é ampliar a consciência ambiental das pessoas sobre o consumo e o descarte de plástico”, afirmou Ricardo Veloso, superintendente da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) de João Pessoa.
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