Projetar edifícios com os padrões ambientais atuais não reduzirá as emissões de carbono o suficiente para atender aos requisitos do acordo climático de Paris. É nisso que acredita Norman Foster, líder do estúdio Foster + Partners.
Tendo isso em mente, Foster decidiu desenvolver uma metodologia própria para o projeto e que vai além dos atuais esquemas de certificação ambiental. Os métodos de avaliação do estúdio estão descritos em um manifesto de oito páginas.
O Foster + Partners calcula que, mesmo que os prédios sejam projetados para atender aos padrões estabelecidos atualmente, estas condições ainda levarão a um aumento de 3°C nas temperaturas globais.
Para cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, seus edifícios precisam ser mais eficientes em termos ambientais.
A nova metodologia será oferecida a todos os futuros clientes e foi projetada para quantificar as emissões totais de carbono produzidas ao longo de toda a vida útil de um edifício, incluindo projeto, construção, instalação e reforma futura. Ela se concentra na redução do carbono incorporado no projeto, e não na energia usada pelos ocupantes do edifício.
“O método fornece aos arquitetos ferramentas para entender e reduzir o carbono incorporado ao longo do ciclo de vida de um projeto – isso geralmente é ignorado por outros esquemas de classificação, além de fornecer ferramentas para prever e monitorar as emissões operacionais de carbono”, afirma Chris Trott, chefe de sustentabilidade do Foster + Partners.
“Isso nos permite fazer julgamentos para reduzir as emissões de carbono no início do processo de design”, diz.
Mas o estúdio britânico não é pioneiro na atenção com a sustentabilidade. No início deste ano, o Foster + Partners foi um dos muitos escritórios, incluindo Zaha Hadid Architects e David Chipperfield Architects a se juntar ao Architects Declare e declarar uma emergência de clima e biodiversidade.
Além deles, instituições de arquitetura, como RIBA e AIA, também se posicionaram. O primeiro declarou emergência climática e o segundo tornou a crise em questão sua “principal prioridade”. No entanto, após o anúncio, Donald Trump decidiu retirar os EUA do acordo de Paris.
Assim como arquitetos, um grande número de outras instituições planeja reduzir seu impacto no carbono. Em junho, a Finlândia anunciou que planeja ser neutro em carbono até 2035 e, nesta semana, a União Europeia apresentou um plano para ser neutro em carbono até 2050.
Segundo Trott, o maior papel que os arquitetos podem ter na criação de mudanças é influenciar outras pessoas a lidar com as mudanças climáticas. “O dispositivo mais crucial que temos é o de defesa de direitos”, diz ele.
“Precisamos trabalhar em conjunto com nossos clientes e outros parceiros para criar uma maior conscientização sobre como podemos trazer mudanças significativas”, finaliza.