O evento “Pontos de vista: faces da arquitetura contemporânea” reuniu o arquiteto japonês Sou Fujimoto, a diretora executiva do Prêmio Pritzker, Martha Thorne, e o escritório FGMF Arquitetos. Num dos projetos mais conhecidos de São Paulo, o MASP – de Lina Bo Bardi – eles discutiram caminhos para a arquitetura hoje.
Quais são os cinco caminhos para a arquitetura contemporânea?
1- O Espaço Híbrido
Muitos dos projetos apresentados colocam uma arquitetura que dilui suas paredes. Não se sabe ao certo o que está dentro e o que está fora. Isso é claramente mostrado na Casa NA, em Tóquio, de Sou Fujimoto e na Casa Grelha do escritório FGMF.
2- Arquitetura Anônima
Através do Pavilhão Serpentine em Londres, Fujimoto queria criar uma geometria anônima, que fosse parte do mundo e não algo autoral. Martha Thorne também acredita que a arquitetura do futuro não terá apenas um protagonista, pondo em cheque o debate sobre os starchitects, mas será produzida cada vez mais por coletivos.
3- Interatividade
O escritório FGMF cria na Casa da Pérgolas Deslizantes um sistema que o usuário pode brincar com as pérgolas de acordo com seu humor. Já Fujimoto utiliza sistemas estruturais para dar suporte as interações humanas, como no próprio projeto da Serpentine e no Complexo Comercial desenhado para o Oriente Médio, não construído.
4- Novas Escalas
No projeto da Biblioteca da Universidade de Arte Musashino, Fujimoto buscou criar diferentes escalas em um só projeto. Ele queria o conforto da escala residencial, mas também a amplitude da escala de uma floresta, tudo isso em um espaço público.
5- Arquitetura Preventiva
Thorne discorreu sobre a importância da arquitetura pensar em construções que antecedam desastres naturais e para isso mostrou um projeto de habitação pré-fabricada realizada pelo ganhador do prêmio Pritzker de 2014, Shigueru Ban.
Evento foi marcado por manifestação por melhorias habitacionais
Na recepção do evento “Pontos de vista: faces da arquitetura contemporânea”, realizada pelo MASP, houve uma enorme ocupação do fanoso vão livre da Paulista. Pessoas reivindicavam melhorias habitacionais. Na saída, após uma conversa de quase 3 horas, o vão estava quase um deserto urbano. Quem esteve presente naquele local, presenciou arquitetura como palco de possibilidades, cheia ou vazia, colocada por Lina Bo Bardi na produção moderna.
Não por acaso a palestra do arquiteto japonês Sou Fujimoto, que em breve terá sua primeira residência construída em São Paulo, se pautava em projetos que discutem a todo momento limites entre natureza e arquitetura, dentro e fora, simplicidade e complexidade. Outras possibilidades também foram mostradas em uma retrospectiva da produção de 15 anos do escritório do FGMF. Assim como nas falas da Diretora Executiva do Prêmio Pritzker Martha Thorne e do mediador Guilherme Wisnik.
Quando questionado sobre uma posição de onipotência que a arquitetura muitas vezes se coloca, Sou responde “Tudo está mudando o tempo todo. Mas precisamos entender que todo dia podemos colocar uma ideia nova, para criar o futuro temos que todo dia subir um degrau.”