Numa faixa de 1,5 milhão de m² ocupada por galpões desativados às margens do rio Tamanduateí, no Ipiranga, o arquiteto Carlos Leite pensou uma grandiosa marquise com 4 km de extensão, que cruzaria o rio e abrigaria parque linear, praças elevadas, áreas de lazer, de alimentação, de comércio, hospitais, universidades e ciclovias. A ferrovia, por sua vez, poderia ser revitalizada e virar metrô de superfície. “Seria um grande eixo de convivência e diversão num espaço com as mesmas dimensões da avenida Paulista”, diz. Desenvolvido para a Urban Age – agência ligada à britânica London School of Economics, que reúne pesquisadores do mundo inteiro -, o projeto prevê a reciclagem a partir do adensamento habitacional no bairro novo e da melhoria do transporte público local com a implantação de outras estações da CPTM. Tudo com dinheiro da iniciativa privada.
Ao contrário da experiência espanhola, que usou verbas públicas na recuperação de Barcelona, o estudo comandado por Carlos Leite para reinventar a capital, com a participação de profissionais do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), propõe estratégia semelhante à aplicada em São Francisco. O primeiro passo seria a criação de uma agência reguladora, com vida própria, para dar continuidade ao projeto mesmo diante de futuras trocas de governo. Só uma entidade independente atrairia investimentos privados na ordem de R$ 1,73 bilhão. De quebra, a cidade ganharia 150 mil m2 de equipamentos públicos, 20 mil unidades habitacionais para várias faixas de renda e 30 mil postos de trabalho. “Reciclar o território é mais inteligente do que substituí-lo, é dar uma resposta para um futuro verde.”