Feira na Rosenbaum e A Gente Transforma ocupam Edifício Martinelli

Construído há 100 anos, o primeiro arranha-céu de São Paulo reabre ao público após quatro anos fechado na DW! Semana de Design

Por Redação
11 mar 2024, 19h00
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 (Reprodução/Casa.com.br)
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A união inédita da Feira na Rosenbaum, plataforma criativa que reúne artistas, designers e artesãos de todo o Brasil, com o Instituto A Gente Transforma (IAGT), de Marcelo Rosenbaum, é um dos eventos âncora do circuito Centro da DW! Semana de Design, que acontece de 14 a 24 de março. Além do cenário histórico do Edifício Martinelli, cuja reabertura representa a revitalização significativa da área e um impulso positivo para a comunidade local, o evento dá as boas-vindas ao visitante com a exposição Jalapoeira Apurada, uma iniciativa do IAGT, WWF-Brasil e a Cooperativa Central do Cerrado.

No pavimento térreo, com entrada pela rua Líbero Badaró, haverá a participação de artistas de Recife, bem como uma variedade de criativos que produzem peças como cerâmicas, objetos decorativos, itens de bem-estar, mobiliário, moda, joias e acessórios. No mesmo espaço, no dia 16 de março, às 12h, está programada a roda de conversa das mulheres quilombolas do Jalapão, vindas diretamente do Tocantins para compartilhar experiências e saberes retratados nas esculturas encantadas feitas de capim dourado da Coleção Jalapoeira Apurada. O arquiteto e designer Marcelo Rosenbaum intermedia a conversa.

Feira na Rosenbaum

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(Danilo Koshimizu/Casa.com.br)

O percurso da Feira na Rosenbaum continua no 25º andar do prédio, completando mais de 40 expositores participantes no total. “A Feira tem um papel de catalisador dos saberes manuais do nosso país e durante a semana de design nosso objetivo é difundir pela cidade o trabalho de artistas talentosos e autênticos. A exposição das jalapoeiras evidencia o poder transformador e construtivo do design e artesanato brasileiro”, afirma Cris Rosenbaum, curadora e idealizadora da Feira na Rosenbaum.

A iniciativa da Feira na Rosenbaum em ocupar este espaço icônico visa não apenas resgatar a vitalidade do edifício, mas também oferecer um ambiente propício para a celebração da cultura, comércio e interação comunitária. A inauguração oficial marcará o início de uma nova era para esse local histórico, que agora com a concessão em posse do grupo Tokyo, se torna um centro vibrante de lazer, cultura, comércio e interação social.

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As Jalapoeiras Apuradas

As Jalapoeiras Apuradas
As Jalapoeiras Apuradas (Loiro Cunha/Casa.com.br)

A Feira na Rosenabum recebe a exposição “Jalapoeira Apurada”, coleção idealizada por mulheres quilombolas, que tem como ponto central do seu trabalho o uso do capim dourado. As peças serão expostas pela primeira vez durante em São Paulo durante o período da Feira no Martinelli e estão disponíveis para comercialização.

Mulheres de três associações quilombolas do Tocantins – Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros (ACAPPM), Associação de Artesãos e Extrativistas do Povoado do Mumbuca e Associação Quilombo do Prata – lançam uma série de esculturas feitas com capim dourado e buriti.

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As Jalapoeiras Apuradas
(Loiro Cunha/Casa.com.br)

Com o apoio do WWF-Brasil, Instituto A Gente Transforma (IAGT) e Cooperativa Central do Cerrado, as três associações se empenharam em um processo criativo desafiador ao longo de quase dois anos. “Foi um projeto maravilhoso, muito desafiador no primeiro momento porque ficamos com medo de não conseguir fazer”, relembra Railane Ribeiro da Silva, de 28 anos, presidente da associação do Mumbuca no período de criação das peças. “Os modelos que ele (Marcelo Rosenbaum) trazia nunca tinham sido feitos de capim dourado, então nós ficamos com medo de arriscar”, explica. Uma vez deixado de lado o receio de tentar, elas aprenderam que eram capazes de fazer e fizeram muito bem. “Esse projeto proporcionou muita união entre as três associações, muita força e muita garra”, conta.

A proposta foi a de utilizar os mesmos materiais e técnicas que as artesãs já utilizavam no dia a dia, porém em grandes proporções para trazer novos produtos e encontrar novos mercados. “Durante dois anos lideramos o processo de desenvolvimento deste projeto e entendemos que se tratava de um exercício de escuta, para trazer o protagonismo das mulheres quilombolas e exaltar esse saber fazer manual que é uma arte ancestral. Buscamos construir uma identidade que partisse das suas memórias com o capim dourado e motivá-las a falar neste lugar de conhecedoras desse universo amplo de arte e de resistência na luta pelo território. O próprio nome Jalapoeira Apurada, criado por elas, remete à reivindicação pela autoria quilombola do artesanato do capim dourado e ao orgulho de pertencer ao Jalapão. O que queremos trazer aqui é a força dessa união de mulheres que trabalham pela conservação do Cerrado”, ressalta Marcelo Rosenbaum, fundador do Instituto A Gente Transforma.

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O Martinelli

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Edifício Martinelli, um dos cartões postais paulistanos (Reprodução/Casa.com.br)

Inaugurado em 1929 pelo empresário italiano Giuseppe Martinelli, o Edifício Martinelli representa um marco na história arquitetônica de São Paulo, sendo o pioneiro entre os arranha-céus da cidade. Erguido como o edifício mais alto do Brasil à época, manteve esse título até 1947. Além de sua imponente estrutura, o prédio ganha notoriedade pela decisão de Martinelli em construir sua própria mansão no topo, conferindo-lhe um caráter único.

Ao longo dos anos, o Edifício Martinelli transformou-se não apenas em um ícone da paisagem urbana, mas também em um testemunho da evolução arquitetônica e do crescimento vertical da metrópole paulistana.

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