Lumberjills: dupla de amigas revoluciona o mundo da marcenaria

Foi a insatisfação com o dia a dia em uma grande empresa que levou as amigas Letícia Piagentini e Fernanda Sanino a pensarem em empreender juntas

Por Vanessa D'Amaro
Atualizado em 17 fev 2020, 16h07 - Publicado em 16 Maio 2019, 14h47
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Letícia Piagentini e Fernanda Amaral são as Lumberjills (Divulgação/Casa.com.br)

Toda grande história de sucesso começa com um incômodo. Foi a insatisfação com o dia a dia em uma grande empresa que levou as amigas Letícia Piagentini e Fernanda Sanino a pensarem em empreender juntas. Com uma aptidão para os trabalhos manuais, uma área nova parecia surgir pelo caminho. “A Leticia sempre desenhou muito bem e pensou em abrir um negócio que pudesse usar essa habilidade e achou um curso de desenho de mobiliário. Quando fez o curso, notou que também gostaria de fazer os moveis que desenhava e buscou um curso de marcenaria. Surgiu ai a ideia de abrir a Lumberjills”, relata Fernanda.

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Revisteiro artesanal criado pelas Lumberjills (Divulgação/Casa.com.br)

O nome da marcenaria é uma referência às mulheres que assumiram uma tarefa – até então – masculina nos EUA na década de 1940, já que os homens lenhadores (“lumberjacks”) haviam sido convocados para a Segunda Guerra Mundial. O grande desafio das duas, portanto (proposto inclusive pelo nome), foi justamente entrar em uma área de trabalho até então masculina. “Por ser um mercado antigo, passamos por situações constrangedoras e até por assédios. Por isso, sempre nos posicionamos como feministas, mas estamos percebendo uma mudança e uma abertura maior para mulheres”, revela.

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Peça criada pelas Lumberjills (Divulgação/Casa.com.br)

Apesar de contar com equipes terceirizadas em projetos específicos, as duas se dividem no dia a dia. Como Letícia mora mais perto da oficina (que fica em Santo André, na Grande São Paulo), é ela quem cuida da produção. Enquanto Fernanda vai para a rua, cuidar das compras, visitas e instalações. As duas também dividem a  administração: Letícia fica com o financeiro e Fernanda, com orçamentos e mídias sociais. Abaixo, as duas contam um pouco mais dos desafios de mudar de carreira e do desenvolvimento de peças de mobiliário sob medida.

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A dupla Letícia Piagentini e Fernanda Amaral resolveu empreender e investir na marcenaria para o público jovem (Divulgação/Casa.com.br)
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Como vocês se preparam para lançar a Lumberjills?

Fizemos cursos de marcenaria e tapeçaria. Também estudamos o mercado, vendo qual nicho poderíamos focar nosso produto. Ao longo desse caminho, ainda fazemos cursos de aperfeiçoamento de marcenaria e gestão.

Como foi trocar de profissão? Como vocês se sentiram nesse processo?

Foi desafiador, mas tínhamos certeza da decisão. Isso nos deu força para vencer as adversidades que todo empreendedor passa. Acreditamos que a sociedade foi um ponto positivo nessa mudança, pois podíamos dividir esses sentimentos naturais de qualquer mudança: medo, insegurança e ansiedade. Conseguimos com tranquilidade manter a resiliência necessária para continuar.

Qual foi a maior razão para vocês arriscarem essa troca de carreira e a escolha de uma marcenaria?

Já não nos identificávamos com os valores da empresa e queríamos a liberdade de tomar decisões diretas com os clientes e parceiros.

Como vocês costumam trabalhar? São só vocês duas? Ou existe uma equipe com vocês? Se sim, são todas mulheres?

Em quase todo o processo, somos só nos duas. Contamos com ajuda nas instalações de terceirizados.

O trabalho de vocês é todo artesanal?

Sim, todo o processo é feito em nossa marcenaria.

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Qual foi o maior desafio, com relação aos trabalhos, que vocês já enfrentaram?

Como nossos projetos são sob medida, nunca foram os mesmos, então todos são um desafio, aprendemos cada dia algo novo. Mas acho que o nosso primeiro projeto grande, um armário que a cama fechava nele, foi sem dúvida o que mais marcou.

Qual é o tipo de trabalho que mais aparece na marcenaria?

Fazemos muita cabeceira de cama e pequenas peças – como gabinete de banheiro, aparador e bar.

Quais as principais dificuldades vocês tiveram quando começaram?

O mercado é informal e isso dificulta encontrar bibliografia e informações corretas de aprendizado. A mão de obra qualificada e de confiança também é bem escassa.

Quem é o principal público da Lumberjills? São as mulheres?

Sim, mas não só elas. Acho que jovens casais que gostam de moveis diferentes e com personalidade.

Como foi a receptividade dos clientes?

Sempre foi ótima.

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Vocês sentem que existe preconceito ainda por ser uma empresa de mulheres? Vocês sentem o machismo no dia a dia?

Já sentimos mais. Nosso ramo de atuação é quase na maioria masculino, então existe o machismo sim. Ainda mais por ser um mercado antigo. Já passamos por situações constrangedoras e até por assédios. Por isso sempre nos posicionamos como feministas. Mas, felizmente, já sentimos mudanças e uma abertura maior para mulheres.

Qual vocês acham que é a maior vantagem competitiva de vocês?

O atendimento que prestamos aos clientes. Temos uma experiência em hotelaria e turismo, em encantar cliente. E é isso que fazemos.

Qual é o conselho que vocês dão para as mulheres que querem arriscar e mudar de carreira?

Acreditem nos seus planos. Se organizem, planejem e façam acontecer. Sejam fortes e resilientes. Peçam ajuda. Tudo dará certo.

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