Como criar um jardim resistente ao inverno
Assim como uma pessoa se adapta melhor ao calor e outra ao frio, as plantas também carregam suas preferências e isso afeta resultado do cultivo

Assim como nós, as plantas são afetadas pelas mudanças no tempo ao longo do inverno, como as baixas temperaturas e a baixa umidade. Para quem gosta de cultivá-las, é importante entender quais são as espécies mais ou menos resistentes a essas alterações — e como cuidar de cada uma delas. Isso vai abrir caminho para manter suas plantas bonitas e saudáveis ao longo da estação.
Para a paisagista Catê Poli, as árvores brasileiras, capazes de se desenvolver naturalmente em todo o território nacional, se saem melhor no frio quando comparadas aos arbustos vindos de uma região específica. “As [árvores] nativas estão mais alinhadas ao seu habitat de origem e podem passar por algumas dificuldades quando inseridas dentro de outro ecossistema”, explica.
Entre as árvores que suportam o frio extremo ela enumera os ipês, a cerejeira-do-Rio-Grande e a araucária, espécies extremamente adaptadas às condições climáticas encontradas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Aliás, a araucária é milenar e tornou-se símbolo da região sul”, relata o paisagista João Jadão.

De qualquer forma, é importante lembrar que, por sermos um país tropical, a maioria das plantas nativas tolera temperaturas de até cerca de 15 °C (algumas até 10 °C). Abaixo disso e em geadas, poucas resistem ao rigor do inverno.
Sobre os arbustos, que alcançam alturas de pequeno e médio porte e trazem uma folhagem mais densa e espessa, os paisagistas contam que o capim-barba-de-bode, o capim-setária e o capim-dos-pampas crescem bem em regiões climas gélidos, enquanto espécies como a neve-da-montanha, neomarica caerulea (falsa-íris azul), caliandra e manacá-de-cheiro resistem ao frio, desde que não sejam afetadas por geadas intensas.
De acordo com João, conciliar a espécie com a região torna o paisagismo sustentável e ressalta que os arbustos, apesar das limitações, podem ser complementados por ornamentais não nativas como azaleias, hortênsias, sálvia leucantha e capim-do-Texas, especialmente importados de climas frios da Europa, Ásia subtropical e África do Sul. Ele indica que esse processo de misturas de espécies torna a composição dos projetos de paisagismo mais viável em regiões frias.
Cuidados com as plantas no inverno
– No inverno, o jardim entra em dormência e assim as plantas não se desenvolvem — algumas, aliás, podem secar. Caso sejam plantadas nesse período, o crescimento acontecerá a partir de setembro. Se secarem, é preciso fazer uma poda.
– Por ser uma estação mais seca, é preciso prestar atenção à rega. Em invernos mais úmidos, é preciso cuidado para não exagerar na rega e deixar que as plantas fiquem apodrecidas, uma vez que o sol não é suficiente. Se estiver muito ressequido, é preciso complementar com água e, se estiver muito úmido, cuidado com o excesso, pois demora para evaporar devido à falta de Sol.
– Em caso de viagens, é preciso pedir para alguém cuidar da rega.
– No inverno, é tempo de fazer podas estéticas, não as drásticas, porque a planta não vai crescer ainda. Tudo o que for realizado deve acontecer no fim do inverno pensando na preparação do jardim para primavera e verão. Por exemplo, no final da estação fria é indicada a adubação das plantas, pois com o calor e a chuva que acontecem na primavera, elas responderão maravilhosamente.