Essas cozinhas imaginam como será cozinhar no futuro
Os designers do Chmara.Rosinke se dedicaram a estudar a história do ambiente para imaginar como ele será daqui em diante
O estúdio de pesquisa de design Chmara.Rosinke criou uma série de cozinhas independentes que respondem aos temas de “ergonomia, ecologia e prazer” a fim de sugerir novas formas de preparar e consumir alimentos.
Com sede em Berlim e Viena, o escritório apresentou quatro conceitos de design em um show da semana de design de Milão intitulado “The Kitchen for Cooking“, que foi exibido como parte da exposição Alcova.
Livre das restrições de uma cozinha típica e equipada, os designs combinaram elementos familiares de cozinha de maneiras surpreendentes, muitas vezes com formas incomuns e abordagens lúdicas de armazenamento.
“Os objetos mostrados aqui não pretendem fornecer uma resposta universal à questão da cozinha de hoje”, disseram os fundadores do estúdio, Ania Rosinke e Maciej Chmara.
“Em vez disso, são linhas de pensamento materializadas ou esboços espaciais que lidam de maneira divertida com o assunto da cozinha e se esforçam para libertar esse assunto sensual e emocionalmente carregado de sua estrutura rígida de normas e ideias clássicas”.
Rosinke e Chmara passaram mais de uma década investigando a história da cozinha e como ela mudou em resposta às mudanças sociais e culturais, bem como às tendências de design.
Como designers, eles usam essa pesquisa como ferramenta para explorar o que será a cozinha do futuro.
“Cozinhar é mais do que apenas preparar alimentos”, disseram. “De cultura para cultura, o ato de cozinhar varia muito e difere da imagem que está em nossas cabeças. É uma atividade multissensorial que pode desempenhar um papel totalmente novo em nosso mundo que está cada vez mais acontecendo no espaço digital”.
O design mais recente da dupla, NPK01, fez a sua estreia em Alcoba. Feito de aço inoxidável e madeira compensada, a sua forma foi desenvolvida considerando como a eficiência e a recuperação energética podem ser otimizadas na cozinha e como os hábitos de cozimento mudaram desde a pandemia.
A peça inclui um balcão de formato irregular, uma barra superior para pendurar utensílios, espaço de armazenamento para fermentar em casa e um forno sobre rodas.
“Este projeto pergunta como as cozinhas de hoje devem ser projetadas em termos de função, ergonomia, tecnologia e estética”, disseram os designers.
“A cozinha mostrada aqui faz parte de um projeto de pesquisa em larga escala e desafia as normas existentes, em termos de alturas, profundidades, fluxos de trabalho e espaço necessário”.
Já a Cozinha OFIS, criada em 2020, faz alusão a como a cozinha se tornou um local de trabalho para muitos durante a pandemia.
O design reduz a cozinha a elementos fundamentais: é composto por uma ilha sobre rodízios, com um lavatório numa extremidade, uma placa na outra e um elemento vertical para pendurar artigos.
O nome OFIS é um acrónimo de “escritório para coisas importantes” e abrange uma coleção que inclui também uma cadeira de escritório, secretária, candeeiro e uma chaise longue.
Uma aparência altamente minimalista, por sua vez, caracteriza a Cozinha Werkraum, que foi desenvolvida como uma representação do artesanato regional da região de Bregenzerwald, na Áustria.
Criado durante uma residência artística em 2019, o projeto foi construído por artesãos locais usando madeiras de freixo e bordo.
Já o design mais colorido é o Neo Modernist Kitchen, criado em 2018 e projetado para um indivíduo que mora sozinho e cozinha muito raramente, se é que cozinha.
O design deliberadamente leve inspira-se nas cores e geometrias modernistas, proporcionando um espaço adequado para preparar pequenas refeições e fazer café.
A exposição foi apresentada em um terraço ao ar livre cercado por árvores, o que tornou as cozinhas ainda mais inusitadas.
Também em exibição, estava uma mesa de concreto com base de concreto desmoronado, que proporcionou aos visitantes um lugar para sentar.
Apesar da natureza móvel e lúdica dos projetos do estúdio, a dupla de designers acredita que a cozinha tem um papel importante e empolgante a desempenhar no futuro da casa.
“O tempo e a gastronomia economicamente eficiente nos espaços urbanos estão, de certa forma, tornando a culinária obsoleta”, disseram.
“Mas a cozinha não vai desaparecer”, continuaram. “Muito grande é sua influência nas constelações sociais de nossos espaços de vida, muito grande seu papel educacional na formação de habilidades motoras finas e muito grande seu papel sensual”.
“Queremos sentir as texturas dos ingredientes, perceber as diferentes temperaturas, queremos ouvir o chiar e a fervura, queremos cheirar aromas e ver cores gloriosas”, finalizaram.
*Via Dezeen