Por que o verde traz uma sensação boa? Entenda a psicologia da cor

A escolha das cores para um ambiente pode ser responsáveis pelo comportamento do morador. O verde, por exemplo, traz tranquilidade e sensação de frescor

Por Yara Guerra
Atualizado em 10 ago 2024, 18h54 - Publicado em 13 mar 2021, 06h00
Com circulação otimizada, apê de 49 m² tem tons de verde e madeira. Projeto de Natalia Salla. Na foto, cozinha integrada, bancada branca, armários verdes.
(Flavio Dias/Divulgação)

As circunstâncias a que fomos submetidos em 2020 e neste ano estão por trás de algumas mudanças no design de interiores e decoração em muitos lares ao redor do mundo. Seja uma troca no layout dos móveis, uma parede repintada ou mais ou menos luminárias no ambiente, foram mudanças necessárias para moradores que já estavam bastante acostumados com o lugar que viviam e não viam mais sentido naquela configuração.

A verdade é que o ambiente interno tem grande influência sobre como nos sentimos e nos comportamos, principalmente neste momento de pandemia, em que a reclusão social virou rotina. A monotonia, angústia e tristeza podem ter ganhado força em muitas casas. Mas, se você notou que alguns vizinhos parecem mais tranquilos e serenos mesmo em meio à pandemia, pode ser que seja porque o interior é mais verde do outro lado.

Closet sem portas e com iluminação interna é protagonista em suíte de apê. Projeto de Spaço Interior. Na foto, quadro verde, plantas.
(Rafael Renzo/Divulgação)

As cores têm o poder de mudar a percepção de espaços internos – já sabemos que as claras podem trazer amplitude, enquanto as escuras comprimem os espaços e os fazem parecer menores. O mesmo se aplica a materiais e iluminação; sua escolha, seleção e colocação influenciam muito a maneira como as pessoas se comportam.

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Para entender isso, precisamos nos voltar à teoria: os olhos e cérebro do ser humano traduzem a luz refletida em um objeto em cores, a partir da recepção na retina ocular, que são sensíveis ao azul, verde e vermelho. As combinações e variações dessas três cores criam o espectro de cores visíveis com o qual todos estamos familiarizados. Então, o cérebro humano cria um elo entre a cor que está vendo e o contexto em que está acostumado a vê-la, influenciando a percepção psicológica da cor. 

Cozinha de apê tem bancada com 5,6 m em granito e subway tiles no frontão. Projeto de Cristiane Schiavoni. Na foto, quarto de bebê, nichos, berço, parede verde e azul.
(Luis Gomes de Souza/Divulgação)

De acordo com um estudo realizado pelo neurologista e psiquiatra alemão Dr. Kurt Goldstein, cores com comprimentos de onda mais longos, como amarelo, vermelho e laranja, são estimulantes em comparação com aquelas com comprimento de onda mais curto, como verde e azul, que evocam calma e serenidade. No entanto, a maneira como as pessoas percebem as cores difere umas das outras devido a vários fatores, como diferenças culturais, localização geográfica e idade.

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E o que tem de especial no verde?

“A cor verde pode ter uma conotação especial em termos de evolução humana devido à sua correspondência com ambientes naturais férteis, onde fatores como o clima temperado e a disponibilidade de alimentos eram mais propícios à sobrevivência. Os humanos tendem a migrar e se estabelecer em regiões geográficas férteis verdes do mundo e, portanto, a propensão a experimentar humores positivos em ambientes naturais é um instinto inato em que o verde tem um significado particular”, explicou o pesquisador da Universidade de Essex Adam Akers.

Reforma integra duas varandas para criar área gourmet e ampliar cozinha. Projeto de Carolina Gava. Na foto, sala de estar, sofá branco, parede verde, luminária de parede.
(Carolina Mossin Fotografia/Divulgação)

Ou seja, de forma instintiva, o cérebro humano associa a cor verde à natureza e à vegetação e, na natureza, geralmente se encontra frescor, saúde e tranquilidade. Muitos psicólogos e pesquisadores acreditam que o verde seja uma cor curativa, razão pela qual é comumente usado em clínicas médicas e áreas de espera. Nos estúdios midiáticos, convidados e entrevistados de programas de televisão esperam em uma “sala verde” para aliviar o estresse de estar no ar. 

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Além destas propriedades calmantes, a cor verde é também associada à noção de “ir” – por exemplo, em semáforos e infográficos. Este valor liberador de endorfina provoca um apelo à ação, como se o ser humano estivesse “pronto para ir” ou “no caminho certo”, razão pela qual as áreas de estudo são frequentemente pintadas de verde para provocar motivação, criatividade e imaginação.

O verde e o design de interiores

Apê de 102 m² integra acervo de antiguidades dos moradores. Projeto do escritório Maia Romeiro Arquitetura. Na foto, quarto com parede verde e decorações
(Lília Mendel/Divulgação)

Quando se trata de espaços interiores, os designers encontraram várias maneiras de utilizar o verde. Além da pintura nas paredes, estes profissionais trouxeram o ar livre para dentro usando a biofilia como uma importante fonte de inspiração, promovendo bem-estar, saúde e conforto emocional e incorporando vegetação natural em seus designs.

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Em termos de coordenação de cores, o verde é uma escolha muito versátil que combina bem com neutros, como o marrom e o cinza, cores excessivamente encontradas em residências e espaços comerciais. Embora seja considerado um tom frio, sua ampla gama de tons permite contrastar bem com tons quentes como amarelo e laranja. Afinal, vermelho e verde são opostos na roda de cores, então eles se complementam naturalmente.

* Informações do ArchDaily

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