Decoração clássica: boiseries, molduras vitorianas e brises nunca saem de moda
Boiseries e molduras vitorianas possuem charme e podem ser aplicadas em projetos contemporâneos. A arquiteta Ana Rozenblit explica como incorporá-los.
A arquitetura é uma arte milenar que coleciona, através dos séculos, muitos recursos que expressaram soluções ou mesmo a visão daquele período.
Todo esse conhecimento é acumulativo e não necessariamente excludente ou datado, por isso muitos métodos clássicos podem ser usados até os dias de hoje, dentro de um contexto moderno e criativo.
Para a arquiteta Ana Rozenblit, responsável pelo escritório Spaço Interior, revisitar clássicos é uma importante ferramenta de trabalho: “Um clássico recebe esse status por ser algo que marcou a história e dificilmente será esquecido. Utilizar esses elementos entrega ao décor cenários disruptivos e irreverentes que são pura criatividade!”
Confira uma seleção de recursos que a profissional aplicou para deixar seus projetos ainda mais poderosos:
Boiserie
Muito popular na arquitetura desde o século XVII, a boiserie remete ao movimento artístico Rococó, quando as molduras nas paredes conquistaram os palácios franceses. Atualmente, são feitas com MDF, gesso ou poliuretano e diversificaram sua presença em diversos cômodos de um imóvel.
Elas também são ótimas escolhas para adornar os dormitórios, principalmente quando o décor mescla estilos romântico e clássico.
“Sem dúvidas, é o ambiente onde os clientes mais solicitam a boiserie e não é para menos, pois ela entrega uma atmosfera onírica e elegante onde todos se sentem príncipes e princesas de suas próprias trajetórias”, analisa Ana.
Brise-soleil
Entre as décadas de 1930 e 1940, durante o modernismo arquitetônico, o Brise-soleil (do francês, quebra-sol) ganhou duas versões: uma mais ampla para a construção civil, controlando a entrada do sol em prédios e edificações robustas, e outra para versões residenciais, com tamanho condizente com os projetos de interiores.
“Eu adoro trazê-lo por sua funcionalidade em varandas amplas ou ambientes integrados que podem contar com uma divisória vazada”, pontua a arquiteta que trabalha com o mecanismo para delimitar espaços e controlar a entrada de iluminação natural nas áreas sociais de um lar.
Toques vitorianos
Milenares e protagonistas de grandes estudos nos campos da física e da filosofia, os espelhos foram inseridos no décor com o auxílio de molduras grossas e ornamentais, protegendo a peça no transporte e se destacando como centro na decoração.
Hoje em dia é bastante comum que os espelhos inseridos nos projetos residenciais revelem guarnições minimalistas ou invisíveis, porém se engana quem pensa que a rebuscada referência barroca saiu de moda.
Eletrodomésticos retrô
As décadas de 1950 e 1960 acompanharam uma verdadeira febre sobre os eletrodomésticos coloridos – uma tendência lançada nos Estados Unidos que conquistou o mundo e se estendeu para o Brasil até meados dos anos 80.
“Eles nos trazem uma memória afetiva muito grande, uma vez que encontramos com alguns desses eletros na casa de nossos avós e antepassados”, reflete a profissional.