Depois de passar por transformações em sua vida pessoal, o arquiteto e restaurador Felipe Carolo resolveu também mudar de casa. Ele morava em um apartamento pequeno de 50 m² e mantinha um escritório no mesmo bairro. Então, quando resolveu partir para um novo imóvel, a ideia era que ele servisse para morar e trabalhar. “Depois da experiência de viver em um lugar pequeno e tendo meu escritório em outro endereço, percebi algumas coisas. Minha vida é muito dinâmica e com uma rotina totalmente mutável e sazonal, o que faria mais sentido era eu perder menos tempo nos percursos, ja que fico na rua muitas horas do dia”, revela o morador.
Depois de muita procura, Felipe encontrou este apartamento de 1959, com 280 m², no Morro dos Ingleses, na região da Bela Vista, em São Paula. A localização não poderia ser mais privilegiada. “Fica bem próxima à Avenida Paulista, com fácil acesso para a zona oeste, sul e leste, onde tenho muitos clientes”, diz. Apesar disso, o imóvel estava totalmente fora da metragem que o arquiteto desejava inicialmente. “Queria algo em torno de 150 m², mas ao entrar neste apartamento consegui visualizar a divisão dos ambientes e, ao chegar perto da janela, a vista me conquistou”, conta.
A verdade é que havia muito potencial no imóvel e os olhos treinados de Felipe logo captaram tudo. Como é voltado para a face leste, não falta sol na parte da manhã, com o bônus de poder apreciar a Lua cheia. Além disso, há janelas grandes, que proporcionam uma boa ventilação.
Quando se mudou, os móveis que o arquiteto tinham eram poucos para os espaços amplos do novo apartamento. “Fiquei um bom tempo com apenas o quarto e o escritório semi-mobiliados”, diz. Mas, com o passar dos anos, o arquiteto iniciou um processo de restauração com três pequenas reformas e uma mais abrangente em 2018, quando mudou todas as instalações elétricas e instalou ar-condicionado.
Nessa mudança, ele também aproveitou para reformar o lavabo, trocar parte da marcenaria e recuperar algumas preciosidades. “Na área social e escritório havia armários em jacarandá paulista, que valiam muito a pena serem restaurados”, revela.
A cozinha e o banheiro foram outros ambientes que foram preservados com a estética original. “Troquei todos os registros, metais e preservei o ar retrô, com um azul lindo nos banheiros — o famoso Ladrilho da Klabin, um dos primeiros a produzirem esse azulejo azul”, explica.
Na cozinha, a empresa do arquiteto restaurou a granilite, que era um hit da época e, recentemente, voltou à moda. Com armários da Kitchens, originais da década de 1960, o ambiente tem forno a gás e cooktop originais da marca, de quando eles produziam eletrodomésticos. Uma raridade que Felipe soube usar muito bem.
Depois dessa grande reforma, o arquiteto foi mobiliando os espaços. “Mesa e cadeiras de jantar, carrinho de chá, bar e um antigo bufê, que virou cômoda na suíte master, foram presentes do meu avô”, conta. Deputado federal aposentado, o avô de Felipe começou a trabalhar cedo como lenhador e, ao se casar, colheu toras de imbuia para um amigo carpinteiro produzir essas peças. Isso foi em 1946 e a data está cravada em cada móvel.
Além do mobiliário, outra paixão do morador é a arte. Amante das décadas de 50 e 60, ele colocou um conjunto de desenhos de Brasília, feitos por Oscar Niemayer e Lúcio Costa, na parede de mais destaque na sala. “Os outros foram todos a partir de cores e tons que gostaria para cada ambiente, com sua linguagem e estética que agradecem aos olhos”, diz.
A última reforma aconteceu ainda este ano, que demandou a retirada de uma antiga esquadria de alumínio da varanda social e a instalação de vidros para o fechamento. Assim, a vista tão admirada por Felipe, ficou sem obstáculos. “Esse é o meu canto favorito na casa. Pego sol pela manhã, tomando meu café e curto o entardecer em dias de inverno, quando o céu ganha diferentes tons e cores”, finaliza.
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