MOTIRÕ resgata memórias ancestrais indígenas e dá voz ao morar periférico

O espaço é o projeto da arquiteta, ativista e presidente do “Instituto Fazendinhando”, Ester Carro e conta com grafismos de Waxamani Mehinako

Por Redação
6 jun 2023, 19h00
Armário com grafismos indígenas.
 (André Mortatti/CASACOR)
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A arquiteta, ativista e presidente do “Instituto Fazendinhando”, Ester Carro, estreia na CASACOR São Paulo 2023 com um ambiente repleto de referências da sua história, indo no cerne de sua origem e trazendo as memórias de sua vida na comunidade do Jardim Colombo, que faz parte do Complexo de Paraisópolis, Zona Oeste de São Paulo.

Casa com beliche, mesa com banco e armário com grafismos.

Seu espaço, nomeado “MOTIRÕ”, é um espaço de voz a quem luta por vida, sensibilização para o morar periférico e potência de habilidades ancestrais. Em tupi-guarani, o termo faz referência à “reunião de pessoas para colher ou construir algo juntos, uns ajudando os outros”.

Sala de jantar com mesa e banco cinza, armário com grafismos.
(André Mortatti/CASACOR)

O ambiente, que traz o conceito da luta pelo todo, é descrito como “Coletivo, conecta mãos para construir. É esperança, pois cada detalhe e intervenção foram criados pensando no futuro, no cuidado e nas adaptações que o habitar contemporâneo necessita. MOTIRÕ alimenta o corpo, inspira a alma e promove a reutilização de materiais, conectando de forma singela com o natural. Por fim é a cor que da vida.”, segundo Ester.

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Cozinha com armários com grafismos indígenas.
(André Mortatti/CASACOR)

Resgatando sua ancestralidade com a cultura indígena, o espaço traz um olhar educativo, principalmente para quem mora nas periferias em ambientes pequenos, com soluções que poderão facilitar a vida das famílias. Aqui, o apoio de cada fornecedor se tornou fundamental para as decisões da arquiteta.

Tijolos e pilar com grafismos.
(André Mortatti/CASACOR)
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Além de celebrar a parceria com a CASACOR que se iniciou há três anos, em 2020, o espaço MOTIRÕ também sintetiza o trabalho realizado no “Instituto Fazendinhando”, apresentando, de forma singela, o uso de técnicas sustentáveis como a captação e reutilização da água da chuva e peças de revestimento com reaproveitamento de outros materiais.

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Parte dos revestimentos está sendo aplicado pelas Fazendeiras, mulheres capacitadas pelos projetos do Fazendinhando, parte delas que participaram do programa Mulheres na Cor, em parceria com as Tintas Coral, e o Papelão Joia, fortalecendo a rede de mulheres na área de construção civil.

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Waxamani Mehinako, artista indígena que valoriza e resgata os grafismos quase extintos, também marca presença com painéis exclusivos instalados em um mobiliário desenhado pensando nas casas de comunidades, realizado em parceria com o Estúdio Claudia Moreira Salles, Estúdio Buriti e Tintas Coral.

Outros mobiliários foram desenhados pela própria arquiteta, alguns deles executados em parceria com a Oficina 64, sempre pensando nos desafios das casas de comunidades, com pouco espaço e distribuições difíceis.

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Casa com beliche, mesa com banco e armário com grafismos.

“O ambiente, com aproximadamente 34m², representa muito bem o que é uma casa em uma favela, mostrando que é possível uma família morar de maneira digna em um espaço desses. É uma inspiração que depois compartilharei com a comunidade. A necessidade de uma assistência técnica nas moradias é muito importante, e o acesso a esse serviço tem que ser o mais democratizado e acessível, seja por universidades, na formação de seus alunos, ou profissionais já formados”, comenta Ester, presidente do Instituto Fazendinhando.

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Esse ambiente vem com muitas surpresas que apontam para uma luta por dignidade e qualidade de vida, em especial dos moradores do Jardim Colombo, comunidade em que cresceu e continua fazendo história por meio de ações sociais.

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