Descubra microapê rococó de apenas 30 m² no hotel-cassino Quitandinha
Construído no município de Petrópolis (RJ) na década de 1940, o hotel abriga apartamentos residenciais. O projeto é de Manoela Fleck
Construído no município de Petrópolis (RJ) a partir de 1941 – em estilo rococó hollywoodiano (internamente) e normando-francês (externamente), o Quitandinha foi inaugurado em 1944 com incentivo de Getúlio Vargas para ser o maior e mais luxuoso hotel-cassino da América do Sul. Nos primeiros anos, chegou a hospedar famosos de projeção internacional, como Carmen Miranda, Walt Disney, Greta Garbo, Orson Welles e Evita Perón, e também serviu de palco para a coroação de Martha Rocha na primeira edição do concurso Miss Brasil.
O então hotel começou a enfrentar dificuldades com a proibição dos jogos de azar, em 1946. A partir daí, suas suítes foram transformadas em um condomínio com 440 apartamentos para moradia, com metragens que variam de 20 m² a 180 m².
Hoje, vamos mostrar aqui um apartamento de apenas 30 m² do atual Condomínio Residencial Quitandinha, projetado pela arquiteta Manoela Fleck para Dona Eversi, uma senhora aposentada que mora no Rio de Janeiro e estava em busca de uma segunda moradia na serra fluminense.
Com as chaves na mão, a nova proprietária pediu à arquiteta para que o novo projeto fosse pensado para uma moradia fixa (e não apenas um local de fim de semana), com direito à cozinha completa, incluindo lava-louças. Além disso, ela também pediu uma decoração leve e acolhedora, com soluções práticas para reduzir o risco de acidentes domésticos.
Embora tenha sido completa, a reforma não alterou a planta do imóvel, já que, desde o início, havia uma grande preocupação da cliente em preservar o piso original de taco da sala (em tons claros e escuros paginados como tabuleiro de dama) e o piso de pastilhas cerâmicas sextavadas, na cor branca, na cozinha e do banheiro.
“Com a remoção da banheira existente para criar um box espaçoso, tivemos que trocar a tubulação, mas conseguimos refazer a parte danificada do piso, no mesmo material”, ressalta a arquiteta. “Também mantivemos as portas, alisares, guarnições e rodapés originais”, acrescenta ela.
Na decoração, foi adotada uma paleta de cores suaves – em tons de azul, rosa e off white – para criar a atmosfera leve, calma e romântica solicitada pela cliente. Todos os móveis, adornos e marcenarias são novos e algumas peças vintage foram garimpadas em um antiquário local, a exemplo das duas cadeiras Lucio, criadas por designer Sergio Rodrigues em 1956.
Já no quesito “acabamentos”, foram priorizados materiais naturais, como linho, algodão, madeira, couro e fibra. Outro destaque é a área da cama-tablado (com gavetas embaixo) que se estende por toda a parede da sala, separada do estar por uma charmosa divisória de ferro, madeira e linho, desenhada pela própria arquiteta.
“Nosso maior desafio nesta reforma foi renovar e atualizar todo o apartamento para atender os desejos e as necessidades de uma senhora aposentada, preservando, ao máximo, a arquitetura de interiores original, já que se trata de uma construção icônica na ‘Cidade Imperial’, com uma história tão rica”, conclui a arquiteta Manoela Fleck.
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