O Estúdio Ninho projetado pela arquiteta Jacira Pinheiro na CASACOR Rio 2024 é um loft residencial compacto, de 48 m², que se tornou ainda mais desafiador por sua planta de formato triangular. Afinal, a ideia era reunir – nesta metragem enxuta e irregular – sala, quarto, cozinha e banheiro integrados, com medidas funcionais de circulação e conforto, em cada ambiente.
A solução encontrada foi setorizar o estúdio através de marcenarias que não bloqueiam os acessos entre os espaços, a exemplo do armário piso-teto que separa o dormitório da cozinha (com espaços de armazenamento nos dois lados) e as duas divisórias vazadas, que delimitam a área do banheiro. “Toda a marcenaria foi desenhada por mim e executada pela IMI em freijó, palha e bambu naturais. Inclusive, a cozinha é um lançamento na mostra que, em breve, será comercializado pela empresa”, conta Jacira.
Outros recursos ajudaram a arquiteta a driblar a falta de espaço e aumentar a sensação de amplitude, como o rebaixo mínimo do teto para garantir o pé-direito com 3 m de altura, a bancada da cozinha tipo península que também funciona como mesa de jantar e o uso do mesmo piso de madeira em quase todo o espaço. “Para suavizar a ‘ponta’ mais angulosa da planta triangular, arredondamos a parede onde fica a lareira, que ficou mais destacada”, informa a arquiteta.
Segundo Jacira, a principal inspiração do projeto veio de sua própria infância e adolescência, em Petrópolis (região serrana do Rio), onde conviveu com livros, lareira, móveis e objetos de diferentes épocas. Este passado povoado de memórias afetivas foi transportado por ela para seu estúdio na mostra através de uma decoração contemporânea, pontuada por alguns móveis de estilo mais clássico, da IMI.
Os revestimentos escolhidos vão do piso dominante em tacos de madeira Tauari (paginados em espinha-de-peixe) e bancadas de pedra natural às paredes que alternam delicados tijolinhos com junta seca, cerâmicas esmaltadas com visual vintage e painéis de lambri (em laca off white) e freijó natural (com aplicação de molduras em grid).
“Esse mix de materiais e texturas, associado a estofamentos em tons terrosos, foi fundamental para deixar o espaço mais acolhedor e também ajudou a reforçar o conceito de casa vivida, sem rótulos de gênero, que eu buscava”, finaliza a arquiteta.