Em 1954, a genialidade de dois brasileiros se incorporou às montanhas fluminenses. Oscar Niemeyer não precisou de mais que 150 m² para fazer da Casa Cavanelas uma obra-prima. Os principais conceitos da arquitetura moderna estão ali, no desenho simples, na leveza da estrutura, na continuidade dos espaços, na integração com a paisagem. Quatro colunas trapezoidais de pedra apóiam a cobertura curva, montada com treliças metálicas, material raro no trabalho do mestre – escolhido aqui pelo efeito delgado. Sob o telhado, uma planta quase espartana, com três quartos, cozinha e banheiros separados da sala por um paredão de pedras que se estende até o gramado. O diálogo entre a construção e o exterior é constante, seja pela vista que se troca, seja pelos contornos bem marcados do jardim. Nos fundos, onde ficam a piscina e um deck, Burle Marx (1909-1994) projetou um xadrez com grama escura e clara; na frente, fez uma espiral vermelha com iresina. Nada disso era visível há pouco mais de dez anos, quando um designer em busca de um refúgio no campo se deparou com a Casa Cavanelas abandonada. Observando o interior desfigurado e o matagal do lado de fora, o comprador pesquisou fotos de época e publicações que fundamentaram o resgate da obra. “Tenho consciência da importância da recuperação desta casa. Não me sinto seu dono, ela é patrimônio do mundo.”
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