Poucas pessoas não deixariam se abater com um incêndio em casa, e Maurício Pessoa é uma delas. No final de 2017, um curto-circuito de proporções avassaladoras tomou conta do apartamento do advogado e o incêndio levou móveis, lembranças de viagens, coleções, fotos…
Danos enormes, mas materiais. E foi isso o que manteve o morador positivo. “Disse a todos que ia ficar mais bonito do que antes”, lembra o baiano.
Foi graças a um conterrâneo, o arquiteto Caio Bandeira, que o projeto foi refeito rapidamente. À frente da Architects + CO juntamente com Tiago Martins, projetou em uma semana os 700 m² do duplex na Vila Nova Conceição, em São Paulo.
“Do deck, por exemplo, ele pegou o lápis e desenhou em cinco minutos, no meio dos escombros e do cheiro forte de fumaça. Foi impressionante”, conta Maurício. Seis meses depois, com soluções diferentes e mais divertidas, o look estava pronto.
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As emoções são visíveis no resultado. “Tinha que ter impacto e cores. Não queríamos nada comum”, ressalta Caio, que abraçou cada detalhe. O arquiteto teve como ponto de partida a vista de 180 graus do Parque do Ibirapuera, que não foi contemplada pela posição dos móveis. As salas de estar e jantar estão voltadas para esta paisagem.
Na mesma sala, quando Maurício abre um dos painéis, revela-se um atrativo maior – um pequeno palco onde ensaia e toca bateria com a banda Cobertura 25. “Como o palco está fechado em dias normais, o apartamento não parece uma casa de show. A ideia e as cores surgiram com essa preocupação ”, aponta o arquiteto.
A planta baixa integrada simplificou a atmosfera na sala de estar. Há mensagens explícitas, como as fotos de Adriana Duque: todas as pessoas se encaixam bem neste lugar. “Amigos são muito bem vindos, alguns deles até moraram aqui. É praticamente uma embaixada da Bahia”, ri o morador.
A amplitude atraiu móveis de generosas proporções, ponto forte dos espaços que Caio Bandeira cria. “Isso faz com que as pessoas vejam um sofá bacana, com um impacto maior”, explica.
O veludo azul e as cores envolventes, como a mostarda da chaise, foram calculadas para atingir uma combinação singular, com personalidade. “A escolha dos tons é pensada para que à noite o apartamento tenha um clima clássico”, afirma o arquiteto.
Se Maurício lida com burocracia o dia todo no escritório onde trabalha, quando abre a porta de sua casa tudo fica leve. Ele finalmente se torna o músico que abre seu palco com orgulho. “Acompanhei muito as obras, dia após dia. Ficou mais aconchegante”, ri.
Caio endossa: “A casa não é apenas um quarto. É cada vez mais um lugar para se divertir, beber e dançar. A arquitetura deve ser capaz de se transformar e se adaptar a essa realidade. Seja na sala ou no deck de madeira com espelho d’água, as festas ganharam um significado maior, são dias melhores, de todos os ângulos.
*Via BowerBird