Casa pré-fabricada de madeira: preços e prazos

Confira orçamento de três empresas diferentes que oferecem casas pré-fabricadas, a história de dois leitores e também como fugir de um negócio furado

Por MINHA CASA
Atualizado em 19 jan 2017, 13h48 - Publicado em 26 jun 2013, 22h24
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Para saber se você pode erguer uma casa pré-fabricada, verifique o Código de Obras e Edificações na Secretaria de Habitação ou no site da prefeitura, porque a obra corre o risco, sim, de ser vetada. “As definições mudam em cada município”, avisa Mariane Erbano Romeiro, arquiteta do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR). Se em Curitiba, por exemplo, o afastamento mínimo entre moradias de madeira deve ser de 4 m, essa distância, em São Paulo, é de 5 m. Vale lembrar que condomínios fechados possuem regras próprias. Nem toda companhia de seguro aceita casas de madeira, já que há mais exigências a serem cumpridas. “E nem todas as residências desse tipo são seguradas após a vistoria”, lembra André Dabus, diretor da AD Corretora de Seguros. Além disso, o valor também pode assustar. Pela Porto Seguro, a cobertura básica para um sobrado de alvenaria de 100 m² custa R$ 619,53 em Florianópolis, enquanto para uma pré-fabricada com as mesmas características vale R$ 1112,04 e para uma pré-fabricada de veraneio atinge R$ 1889,90.

Confira as principais dúvidas e dicas de casas pré-fabricadas de madeira

 

Tira teima de preços e prazos

Pedimos o orçamento de diferentes casas a três fabricantes, que dispõem não apenas de modelos convencionais de madeira (todas têm cadastro de regularidade junto ao Ibama) como também de moradias de alvenaria e até de wood frame. Consideramos a proposta do tipo chave na mão em todos os sistemas construtivos. Especificamos áreas úmidas de alvenaria e telhado de cerâmica com manta térmica. Caberia ao comprador providenciar o terreno limpo e plano, com água e energia elétrica, e a aprovação da obra na prefeitura. Os orçamentos, por empresa, foram listados em ordem crescente de valores.

Brasil Casas

 

Sobrado de 165,70 m², com três quartos:

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– Pré-fabricada com parede simples de madeira nativa (maçaranduba): R$ 210 mil (R$ 1268 o m²). Prazo médio: 120 dias

– Alvenaria estrutural com blocos cerâmicos (sistema em que as paredes funcionam como elemento estrutural): R$ 226500 (R$ 1 367 o m²).  Prazo médio: 160 dias.

Casas Paraná

 

Casa térrea de 80 m², com dois quartos:

– Alvenaria modular (placas pré-moldadas de concreto encaixadas em colunas também de concreto): R$ 71200 (R$ 890 o m²). Prazo médio: 80 dias.

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– Pré-fabricada com parede simples de pínus de reflorestamento autoclavado: R$ 74560 (R$ 932 o m²). Prazo médio: 80 dias.

– Pré-fabricada com parede simples de madeira nativa (maçaranduba, garapeira ou angelim): R$ 101520 (R$ 1269 o m²). Prazo médio: 80 dias.

Casas Kürten

 

Sobrado de 103,60 m², com dois quartos:

– Pré-fabricada com parede dupla de madeira autoclavada (cambará) e recheio de lã de vidro: R$ 158637 (R$ 1531 o m²). Prazo médio: 90 dias.

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– Wood frame: R$ 171368 (R$ 1654 o m²). Prazo médio: 45 dias.

– Alvenaria convencional com tijolo de seis furos: R$ 192175 (R$ 1855 o m²). Prazo médio: 120 dias.

– Pré-fabricada com parede simples de madeira nativa (grápia): R$ 192527 (R$ 1858 o m²). Prazo médio: 90 dias.

Os valores e prazos aproximados foram pesquisados entre 25 de abril e 7 de maio de 2013.Podem variar conforme a localidade, personalização do projeto, acabamentos e tipo de fundação. Os prazos consideram o início da obra – que não é necessariamente logo após a assinatura do contrato – e a finalização. Algumas construtoras pedem de 30 a 50 dias para a entrega do material.

 

Tira teima da empresa

Sem nos identificarmos como imprensa, contatamos uma empresa de casas pré-fabricadas que se demonstrou nada confiável. Confira o diálogo abaixo e fique ligado: em sua pesquisa, se ouvir algo semelhante de uma fabricante, fuja do negócio imediatamente.

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Repórter da revista MINHA CASA: Vocês vendem que tipo de madeira?

Vendedora: Pínus.

Repórter MC: É tratada, certificada?

Vendedora: Não, ela é in natura.

Repórter MC: Mas não tem problema na dilatação da madeira? E também problema de inseto, fungo?

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Vendedora: A pessoa tem que tratar.

Repórter MC: E como eu faço isso?

Vendedora: Tem que passar inseticida antes de pintar com tinta por dentro e por fora.

Repórter MC: E vocês recomendam isso aos clientes?

Vendedora: Aham.

Repórter MC: Como a madeira não é tratada antes, ela dilata, certo? Não há reclamação sobre isso e sobre defeitos construtivos?

Vendedora: Não. Nós não temos esse tipo de reclamação.

Repórter MC: Você já ouviu falar em autoclave?

Vendedora: Ah, sim. Sei que é um processo que dá mais durabilidade à madeira. Mas não trabalhamos ainda com isso.

Repórter MC: Por isso o material é mais barato?

Vendedora: É… É bem mais em conta.

Repórter MC: Você é vendedora ou engenheira?

Vendedora: Não, eu sou vendedora (entre risos). Não tem engenheiro na loja.

Repórter MC: Então não fica um engenheiro na loja para orientar os clientes?

Vendedora: Não. A gente só vende o kit, que é um pacote de material. É como se você tivesse comprando material de construção, aí você mesmo que administra a obra. Se você precisar de engenheiro, tem que ir atrás, e não a loja.

Repórter MC: Nem mão de obra você indicam para facilitar a vida do cliente?

Vendedora: Digamos que às vezes indicamos porque há quem não conheça ninguém, né? Mas a empresa não tem nenhum vínculo – é apenas uma indicação, sem compromisso.

Repórter MC: Não vai no contrato isso?

Vendedora: Não, não…

Repórter MC: Você tem informação sobre as condições do terreno em que pode ser feita a construção?

Vendedora: Isso também é a pessoa que tem que ir atrás. 

Repórter MC: Então é mesmo como uma loja de material de construção que a pessoa vai lá e compra o cimento?

Vendedora: É isso mesmo. A diferença é que a gente manda junto um projetinho de construção, para a pessoa saber como montar.

Repórter MC: E vocês dão alguma garantia?

Vendedora: Não, porque isso depende de cada um. Se a pessoa não trata, não pinta a casa, não vai demorar muito para a madeira estragar, né? Então não tem como a empresa dar garantia.

 

Leitores contem sua experiência com casas pré-fabricadas

 

Perfeita para dias de descanso

“Minha casa de veraneio estava com a estrutura comprometida, o que tornaria mais fácil derrubá-la e construir outra. Pouco tempo antes, meu cunhado havia adquirido uma pré-fabricada e gostei do resultado. Mas a decisão se deu mesmo pelo custo-benefício, pois, ao comparar, sairia mais barato que uma de alvenaria. Depois de pesquisar bastante, contratei um serviço do tipo chave na mão com a Brasil Casas. Fui ao showroom com minha cunhada, que é engenheira, para garantir que seria uma escolha acertada. Me decidi por um modelo de 171,45 m², de angelim-pedra [espécie nativa proveniente de empresa cadastrada pelo Ibama], com algumas alterações na planta. Parcelei o pagamento: dei a entrada na assinatura do contrato e o restante na conclusão de cada etapa, sendo a última na entrega da chave. A obra levou cerca de 12 meses por causa de contratempos climáticos. Faz quase um ano que a casa está pronta e ainda não houve a necessidade de recorrer ao fabricante para eventuais ajustes na madeira.” Hamilton Hironori Harada, médico de Caieiras, SP

 

Situação foi parar na Justiça

“Resolvi construir uma casa para mim, minha esposa e meu filho no trecho da frente do mesmo terreno do meu sogro. Sempre via na televisão o comercial de uma empresa de pré-fabricadas e aqui na região metropolitana de Curitiba é bem comum esse tipo de construção. Achei que seria uma solução rápida e mais em conta que a alvenaria. No showroom, me explicaram o que viria no kit. Fechei negócio e paguei à vista. Me indicaram um operário, assegurando que era de confiança. Quando o material chegou – pínus sem tratamento –, a qualidade era inferior em relação ao que estava exposto no showroom. Entrei em contato para reclamar e me disseram que tudo estava no contrato que eu havia assinado. Não bastasse isso, a mão de obra também deu problema. Mesmo assim, toquei a construção, que ficou com aparência frágil, paredes fora de prumo, esquadrias desalinhadas. Falei novamente com a empresa e mandaram um responsável, que constatou os problemas e depois sumiu. Foi quando entrei no Juizado de Pequenas Causas, mas é tudo tão enrolado que desisti. Há dois anos a casa está pronta e eu não tinha me mudado para não mexer em possíveis evidências, mas, assim que terminar de pintá-la,vou mudar para lá do jeito que está.” Janderson Inácio Masiero, motoboy de Almirante Tamandaré, PR

 

Os valores sofrem alteração conforme a região e a cobertura contratada. Preços pesquisados em 9 de maio de 2013, sujeitos a alteração.

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