No charmoso bairro histórico do Chiado, em Lisboa, não é incomum ver prédios antigos passando por um total retrofit. Geralmente, são mantidas apenas as fachadas enquanto o interior é completamente remodelado dando lugar a apartamentos com tudo o que há de mais moderno – o que é uma raridade na capital portuguesa.
A arquiteta brasileira Andrea Chicharo, que há anos atua entre Rio, São Paulo e Lisboa, sabe bem disso. Mas, nesse projeto, em especial, ela teve uma chance pouco comum: a de pedir modificações antes mesmo da entrega do imóvel, que foi comprado por uma família brasileira ainda na planta.
Foram poucas modificações na área social, mas que mudaram bastante a planta do apartamento, ampliando a sala e dando muito mais funcionalidade para o dia a dia das moradoras, uma mãe e sua filha, que costumam passar férias por lá – conta Andrea.
É que o imóvel tinha um hall na entrada e outro que separava a sala da cozinha. Andrea tirou o segundo hall, incorporando o espaço à sala e criando um grande painel em nogueira que esconde a entrada da cozinha, do banheiro de hóspedes e um armário que ficava no corredor. Outra mudança foi transformar o lavabo em banheiro completo para atender ao quarto de hóspedes que fica ao lado da sala.
Como tudo foi definido ainda durante a obra, quando o apartamento foi entregue só precisamos resolver os detalhes de decoração – explica Andrea.
A opção foi por um décor bem contemporâneo que contrasta com as portas e janelas originais, em arco, de onde se tem uma bela vista para o rio Tejo. Como há apenas uma sala, que serve para a TV e para receber, o mobiliário foi escolhido para ter múltiplas funções: poltronas para leitura, para uma roda de conversa, sofá confortável, mesinhas de apoio.
Móveis de design italiano, assim como os da sala de jantar, que junto com estante de linhas finas para pequenos objetos trazem um mix de materiais que são a marca da arquiteta. Tem buffet de vidro pintado, espelho, mármore, madeira e até tapete de sisal. Tudo para trazer aquela bossa bem brasileira ao apartamento.
Nas paredes, que ganharam um tom forte de azul, chamam atenção duas obras: um quadro de Manoel Novello, levado do Brasil pela proprietária, e um painel de azulejos do século XVIII comprado num antiquário de Lisboa.
Nos quartos, que não eram muito grandes, tudo é muito aconchegante com diferentes padronagens de papéis de parede – sempre uma textura a mais para o ambiente -, e soluções como a cabeceira de ponta a ponta no quarto da filha e a escrivaninha ao lado da cama, na suíte da mãe.
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