Quem não quer prosperidade, saúde, proteção, sucesso e abundância? A técnica chinesa de harmonização de ambientes veio de encontro a essas expectativas e, por isso, aprofunda suas raízes no Ocidente. Não demorou para que o ba-guá, os sinos de vento, os cristais, os ideogramas e outros símbolos orientais fossem bem recebidos nas casas brasileiras, transformando a morada em lugar capaz de atrair as melhores vibrações. A posição dos móveis, as cores e as formas são elementos fundamentais na criação de ambientes que provocam uma inexplicável sensação de bem-estar. Abaixo, vamos fazer uma viagem pelas principais escolas do feng shui chinês a Escola do Chapéu Negro, a Escola da Forma e a Escola da Bússola , da harmonização à brasileira e do vastu shastra, que vem da Índia. Para ver a teoria na prática, conheça a aplicação do feng shui da tradicional Escola do Chapéu Negro neste apartamento de 350 m².
A história da conquista do Ocidente
O primeiro passo para praticar esse feng shui ocidentalizado é alinhar o ba-guá (clique na imagem acima para vê-la com detalhes) à porta de entrada da casa. Esse gráfico tem oito áreas, os guás, que relacionam os ambientes aos vários aspectos da vida: trabalho, espiritualidade, família e saúde, prosperidade, sucesso, relacionamento, criatividade e filhos, amigos e benfeitores. O ba-guá pode ser sobreposto à planta da casa toda ou em cada ambiente separadamente. A cada guá, são relacionados cores, formas, trigramas do I Ching, aromas e objetos específicos, que ajudam a abrir caminho para as boas energias. Os procedimentos de harmonização são chamados de curas. Além de escolher objetos e cores e reposicionar os móveis, no feng shui a intenção tem um papel importante, pois ajuda a colocar foco no que desejamos atrair para nossa vida, diz a especialista Alessia Colombo, que estudou com o mestre Thomas Lin Yun.
Ordem e abundância
Um princípio básico do feng shui diz que a sujeira e a desordem afugentam as boas vibrações. Arrumar gavetas e papéis, se desfazer de coisas que não usa há mais de dois anos e consertar objetos quebrados são atitudes eficientes. Além disso, quando se está arrumando a casa, emoções e ideias também ficam mais claras, diz a especialista Mariângela Pagano. Ela acredita que o feng shui é uma filosofia de vida que inclui fazer boas ações anonimamente e doar tempo e dinheiro para as pessoas menos favorecidas.
As curas mais comuns
Ambientes-chave A Escola do Chapéu Negro considera que, se o fluxo de energia da casa ficar bloqueado, a vida não vai para a frente. Mesmo se não fizer as curas ou não harmonizar a casa inteira, passe o mouse sobre os círculos abaixo e siga estas instruções.
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Carlos Campoy
Para saber mais: Feng Shui Decoração de Interiores, de Sara Rossbach e Mestre Lin Yun, Editora Ediouro.
Escola da Forma
Como tudo começou
Os primeiros conhecimentos do feng shui foram organizados na Escola da Forma. Baseada no taoísmo, ela considera que tudo é composto dos cinco elementos da natureza e a cada um deles corresponde uma forma: água, forma sinuosa; terra, quadrado; fogo, triângulo; metal, círculo ou esfera; madeira, retângulo ou linha reta. A escola também ensina a interação entre esses elementos em ciclos de criação ou destruição (veja gráfico acima). Clique aqui para ler a explicação detalhada do arquiteto Carlo Solano.
A Escola da Forma considera cinco pontos fundamentais para a escolha de uma casa:
A localização, levando em conta o entorno
Os materiais empregados na construção
O conforto térmico e acústico
A qualidade do ar
A forma da edificação dos ambientes
Para saber mais: O livro do Feng Shui Como Criar um Ambiente Mais Saudável em Casa, de mestre Lam Kam Chuen, Editora Manole.
Escola da Bússola
_CLIQUE Clique aqui para entender a força dos pontos cardeais
A simbologia dos animais
Talvez o ensinamento mais acessível da Escola da Bússola seja o reconhecimento dos cinco animais (clique na imagem ao lado para compreender as relações). Eles protegem as quatro direções e o centro, que podem ajudar a harmonizar a casa ou qualquer ambiente, ressalta Alessia. Veja a prática em uma sala de estar:
A frente deve se abrir para algo amplo, uma vista bonita, uma imagem da fênix, ou o olhar deve ser direcionado para algo de forma triangular ou cores quentes, que evoquem o elemento fogo.
À direita, um objeto de metal que se destaque, pelo tamanho ou pela beleza, representará a força do tigre. Também podem ser usadas formas ovais e a cor branca.
À esquerda, deve predominar o elemento madeira (em objetos ou móveis ou na figura do dragão), trazendo as bênçãos do dragão. Tons de verde e plantas também são bem-vindos.
Atrás, formas sinuosas e cores suaves garantem a proteção e a estabilidade da tartaruga.
No centro, a força protetora é a da serpente, regida pelo elemento terra. Nesse ponto, luz amarela e tons terrosos ajudam a marcar esse ponto importante da casa ou do ambiente.
Para saber mais: Manual do Autêntico Feng Shui, de Raul de Sorôa, Editora Gente.
No Brasil O que diz a sabedoria popular
Mesmo longe da Ásia, o brasileiro do interior desenvolveu um jeito próprio de atrair harmonia, proteção e boa sorte. Há mais de uma década, Carlos Solano, arquiteto mineiro, viaja por lugares distantes do país em busca dos ensinamentos da sabedoria popular. Há muitas maneiras de abençoar a casa. Assim como no feng shui, a limpeza é a primeira providência para receber as energias divinas. Por isso, as casas de roça estão sempre arrumadas e faxinadas. Seguindo a lógica do faz bem para o corpo, faz bem para a casa, é comum passar um pano embebido em chá de boldo para restaurar as boas energias. Já passar o pano com chá de hortelã abre os caminhos e ajuda a varrer os pensamentos ruins. Para curar feridas da alma e restaurar a calma, arremate a limpeza passando chá de calêndula, ensina Carlos. Clique aqui para aprender o que são talimãos, objetos de poder, e como criá-los.
Para saber mais: Benzedeiras e Benzeduras, de Elma SantAna e Delizabete Seggiaro, Editora Alcance.
Vastu shastra A harmonização indiana
Os Rig Vedas, tratados da sabedoria hindu, surgiram há mais de 5 mil anos e dedicam um capítulo a instruções para a harmonização de casas. Conhecimentos de mitologia, geometria, bom senso e uma dose de superstição se mesclam nesses ensinamentos, que continuam vivos até hoje. O vastu shastra é uma ciência baseada nas leis da natureza e tem o objetivo de que a casa e os moradores sejam um só organismo, explica o arquiteto Jörg Pfeifer, especialista no tema. Todos os cálculos levam em conta os pontos cardeais e as várias proporções, que são determinadas com base na palma da mão do chefe da casa. A intenção é que habitantes se harmonizem com o ambiente e prosperem, diz Jörg. Clique aqui e entenda como funciona o gráfico ao lado.
Para saber mais: Vastu, de Marcus Schimieke, Editora Pensamento