O home office que já era uma realidade para uma parcela da população foi impulsionado pelo isolamento social imposto pela COVID-19. A surpresa desse novo cotidiano impôs a quem ainda não trabalhava em casa a obrigação de providenciar um espaço para isso dentro do lar e conciliar trabalho e os cuidados com os filhos, que também estão mais tempo em casa.
Isso também trouxe novos desafios, principalmente para quem vive em condomínios, que estão em processo de adaptação por conta do maior período que os moradores permanecem em casa.
Segundo Juliana Silveira, CEO da Sindicompany, executiva com mais de 20 anos de experiência em administrar condomínios e suas especificidades do dia a dia, afirma que não existe uma regulamentação específica para o trabalho dentro de casa, mas alerta: “imóvel só não pode mudar de função. Não é permitido alugar o local para receber um escritório, por exemplo”, alerta.
Além da relação entre casa e trabalho ampliada pela pandemia, há ainda o desafio de conseguir equilibrar as necessidades corriqueiras do condomínio – como reformas em geral, e o uso das áreas comuns por crianças, que também estão isoladas -, com a necessidade de um cotidiano tranquilo para todos os moradores, evitando-se ruídos excessivos, por exemplo.
Na maioria das vezes, os apartamentos não têm acústica para a realização do trabalho de forma tranquila. Apesar de possuir um menor raio de ação e não ser transportado por fontes naturais, o ruído excessivo pode causar diversos danos ao corpo e à qualidade de vida.
Para evitar problemas especialmente neste período mais agressivo de pandemia, os condomínios têm diminuído o período de obras barulhentas e limitado o uso das áreas comuns. “Porém é preciso entender o momento do prédio. Se é um condomínio em implantação, a flexibilidade é maior. No entanto, os condôminos devem entender que a pandemia vai se prolongar por um longo período. Obras ocorrerão, manutenções, enfim, trata-se de um ajuste que todas as partes devem entender e se adaptar.”
Já os problemas causados por vizinhos demandam mais paciência para serem solucionados. Juliana alerta que o morador incomodado, sempre que possível, deve avisar o operacional do condomínio. O responsável irá entender o caso primeiramente, consultando ambas as partes.
“Deve sempre buscar o diálogo e entendimento do problema. Podendo realizar reuniões entre as partes para buscar entendimento e ajustes, no entanto, deve-se cumprir o regulamento interno, para que nenhuma das partes exceda os limites previstos”, afirma.
Algumas ações estão sendo elaboradas por diversos condomínios para se adaptar e se adequar à nova realidade de uma quantidade muito maior de moradores trabalhando dentro de suas unidades. Algumas áreas comuns estão se transformando em espaços de coworking, por exemplo, transformando apartamentos normalmente destinados ao zelador neste espaço de uso comum.
Outros condomínios vêm criando horários específicos de obras, com momentos de silêncio pleno. “O que o síndico deve fazer é orientar e cumprir a regra do bem-estar entre todos”, completa Juliana.