Vik Muniz usa cinzas do Museu Nacional para reproduzir obras perdidas

Buscando contribuir para a recuperação do Museu, o artista ainda destinará a renda obtida com a venda das obras às equipes de resgate

Por Yara Guerra
Atualizado em 28 fev 2024, 16h13 - Publicado em 2 dez 2019, 17h43
O artista em frente às obras. (Guito Moreto/Divulgação)
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Vik Muniz em frente à sua reprodução da fachada do Museu Nacional, feita com as cinzas do incêndio. (Guito Moreto/Divulgação)

Conhecido pelo uso de materiais inusitados, como lixo, restos de demolição e açúcar e chocolate, o renomado artista brasileiro Vik Muniz apresenta agora uma nova série de obras, feitas a partir das cinzas do Museu Nacional do Rio de Janeiro – vítima de um incêndio em setembro do ano passado.

Os trabalhos, apresentados em Nova York em novembro e com exposição prevista para março de 2020 no Centro Cultural Casa da Moeda, buscaram reproduzir os tesouros perdidos na tragédia de 2018.

“Era um dos meus museus preferidos. Passei horas lá na minha primeira visita. Tinha uma aura de mistério que fazia com que você quisesse descobrir o que não sabia”, conta Vik sobre o Museu.

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A reprodução do caixão de uma sacerdotisa egípcia, por Vik Muniz, (Divulgação/Casa.com.br)
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Montada na galeria Sikkema Jenkins & Co., a mostra em NYC contou com reproduções em 3D – como um felino mumificado no Egito do século I A.C, a estatueta de Amun Menkheperrê esculpida por volta de mil anos antes de Cristo e o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo já encontrado no Brasil –, além de 11 fotos de desenhos feitos a partir de cinzas do museu.

Produzidas último semestre, as obras não foram expostas nos Estados Unidos integralmente. Peças como a reprodução do caixão da cantora-sacerdotisa Sha-amun-em-su, datado de 750 A.C. e dado de presente pelo vice-rei egípcio Ismail a Dom Pedro II, por exemplo, está entre as peças inéditas.

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O artista em frente às obras. (Guito Moreto/Divulgação)
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“Quando soube da tragédia, fiquei uma noite toda sem dormir. Foi um choque saber que aquele lugar tinha deixado de existir. Foi como se um buraco enorme tivesse se aberto na minha cabeça. Não senti raiva. Senti vergonha. Os culpados fomos todos nós”, diz Vik.

O diretor do Museu Nacional, Alexandre Kellner, acredita que a atenção das obras do artista contribuirão para a reconstrução do espaço. “Estamos esperançosos que, por meio da exposição de Vik Muniz, muitas pessoas passem a ter um sentimento de pertencimento à instituição. O Museu Nacional é de todos”, diz ele.

A mostra, de fato, vai contribuir nesse sentido. O artista busca, com a venda das peças expostas, destinar o dinheiro arrecadado às equipes que tentam recuperar tesouros do museu. Ele espera que a renda possa auxiliar com a aquisição de equipamentos e a produção de um livro com histórias das pessoas envolvidas no resgate. Legal, não é?

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