Artesanato brasileiro: a história por trás das peças de vários estados

Os trabalhos manuais que decoram casas mundo afora preservam as tradições de diversos povos

Por Larissa Faria
Atualizado em 9 fev 2021, 16h10 - Publicado em 15 jan 2021, 06h00
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Centro de Artesanato de Pernambuco, no Recife: o espaço reúne e comercializa mais de 16 mil peças de 500 artesãos do estado (Visit Recife/Casa.com.br)

A produção de artesanato brasileiro vai muito além da função terapêutica de fazer ornamentos para decorar as casas. Os trabalhos manuais realizados em diversos estados têm o grande papel de preservar as tradições dos povos que formam o nosso país. 

Quando você compra um item feito à mão em alguma viagem, não está apenas apoiando um artesão, mas também tornando possível que aquela forma de expressão continue existindo e seja conhecida por mais pessoas.

Você já parou para pensar sobre a origem dos objetos decorativos da sua casa? Assim como as obras de arte expostas em museus e os livros clássicos, o artesanato também é influenciado pelos acontecimentos históricos e culturais de um período.

Abaixo, conheça a origem de 7 utensílios e objetos de decoração do artesanato brasileiro!

 

Panela de barro

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(Artesol/Casa.com.br)


À beira do rio Santa Maria, em Vitória (ES), as mãos dos artesãos capixabas moldam um ícone da cidade: as panelas de barro cozido. O ofício, que tem origem indígena, é exercido há mais de quatro séculos. Esta história continua com a Associação das Paneleiras de Goiabeiras – local de visitação, produção e venda das obras feitas com esta técnica. As panelas, é claro, são as mais procuradas, pois são o utensílio principal para o preparo tradicional da moqueca capixaba. No espaço, há oficinas para quem deseja montar a própria panelinha.

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Bonequinha da Sorte

Elas têm pouco mais de um centímetro, mas mudaram a vida da artesã Nilza Bezerra. Há mais de 40 anos, ela produz pequenas bonecas de tecido no município de Gravatá (PE), a pouco mais de 80 quilômetros do Recife. Na capital pernambucana, as bonequinhas da sorte são uma figura tão presente quanto o guarda-chuva colorido de frevo e os bolos de rolo. 

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(Nilza Bezerra/Casa.com.br)

A ideia surgiu quando Nilza estava passando por um momento difícil financeiramente em sua vida. Com pequenos retalhos de tecido, ela costurou bonecas com olhos e bocas bordados, com a intenção de que elas levem sorte e proteção a quem for presenteado. 

 

As galinhas de Porto de Galinhas

Ao chegar em Porto de Galinhas (PE), você irá se deparar com várias delas: nas lojas e nas ruas, as galinhas feitas à mão são a arte símbolo deste distrito paradisíaco. A origem do nome do local não é alegre como o colorido dos trabalhos manuais: em 1850, negros escravizados eram trazidos de navio para Pernambuco escondidos em meio a engradados de galinhas-d’angola.

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(Viagem e Turismo/Casa.com.br)
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Naquela época, era proibido o comércio de escravos no Brasil, então os traficantes gritavam “tem galinha nova no porto” pela vila, como um código para a chegada de escravos. É daí que surgiu o nome “Porto de Galinhas”, que hoje, felizmente, está ligado apenas à enorme quantidade de artesanatos em homenagem ao animal que são vendidos por lá. 

 

Pedra sabão

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(Ane Souza/Casa.com.br)

Aleijadinho é um dos mais conhecidos artistas brasileiros, afinal, foi ele quem esculpiu com pedra sabão diversas estátuas das igrejas de cidades históricas mineiras. O tipo de rocha é encontrado em várias cores e recebe este nome por ter uma textura escorregadia. Em Ouro Preto (MG), há artigos de decoração para casa nas mais de 50 barracas da Feirinha de Pedra Sabão, montada diariamente em frente à Igreja de São Francisco de Assis. 

 

Capim dourado

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O capim dourado é considerado o “ouro do cerrado brasileiro.” Nas mãos de talentosos artesãos, ele é transformado em acessórios e utensílios para casa. (Artesol/Casa.com.br)

A venda do artesanato com capim dourado é uma das principais atividades econômicas do Povoado Mumbuca, no coração do Jalapão (TO). Os quilombolas e indígenas que viviam na região passaram seus conhecimentos artísticos para os filhos sobre como costurar as fibras do brilhante capim dourado do cerrado com a seda de buriti. Até hoje, são produzidos na comunidade belos utensílios com o capim, como cestarias, vasos e bandejas. 

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Cerâmica marajoara

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(Ubá Brasil/Casa.com.br)

A história da cerâmica marajoara é mais antiga que a da colonização portuguesa no Brasil. Antes de os europeus chegarem aqui, os povos originários já moldavam e pintavam argila na Ilha de Marajó (PA) para formar tigelas e vasos. Estas criações artísticas estão entre as mais antigas já encontradas por arqueólogos nas Américas. Ao viajar para a capital Belém, aproveite para visitar o acervo de arte marajoara do Museu Paraense Emílio Goeldi. Se quiser levar um pouco desta história para casa, vá ao Mercado Ver-o-Peso, onde são vendidas diversas peças produzidas no Marajó. 

 

Pêssankas

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No jardim do Memorial Ucraniano, em Curitiba (PR), há uma pêssanka gigante do artista Jorge Seratiuk (Ivan Bueno/SMCS/Casa.com.br)

No Sul do Brasil, o costume de pintar ovos à mão com símbolos está presente em duas cidades: Curitiba (PR) e Pomerode (SC). Na capital paranaense, esse tipo de arte chamada pêssanka foi trazida pelos imigrantes poloneses e ucranianos com o intuito de decorar os ambientes, além de atrair saúde e felicidade. O Memorial da Imigração Polonesa e o Memorial Ucraniano, ambos em Curitiba, têm um acervo com pêssankas e lojas de lembranças. 

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A Osterbaum é uma árvore com galhos secos. Uma vez ao ano, ela ganha vida com a decoração de ovos coloridos. (AVIP/Casa.com.br)
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A atividade teve continuidade em terras brasileiras: em Pomerode (SC), é realizada anualmente há 150 anos a Osterfest, evento que celebra a páscoa e a tradição herdada dos imigrantes alemães de pintar os ovos. Para a organização da festa, os moradores de Pomerode reúnem e decoram cascas de ovos para pendurá-los em uma árvore, que é chamada de Osterbaum.

E os pomerodenses levam esta arte muito a sério: em 2020, eles pintaram mais de 100 mil ovos naturais para a Osterfest. Há ainda uma votação popular para definir qual é a melhor pintura entre os grandes ovos de cerâmica que são enfeitados por artistas locais.

 

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