Expressão artística de um momento de grande transformação cultural, entre as duas grandes guerras mundiais que ocorreram na Europa no início do século XX, o art déco é marcado pelo desejo de renovação e pela influência da indústria, que revolucionava os comportamentos de então. Essa relação estreita levou artistas da época a se aproximarem da ideia de funcionalidade, do design em si. Foi quando todos os elementos de um ambiente passaram a ser pensados, criativamente, de forma integrada e harmônica, não importando sua dimensão.
Já dominante no velho mundo, a estética art déco aportou por aqui na bagagem de artistas imigrantes – Gregori Warchavchik, Lasar Segall, Antelo Del Debbio, John Graz, entre outros – e de nomes nacionais que visitavam o velho continente, como Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Ismael Nery, Antonio Gomide, Regina Gomide Graz e Flávio de Carvalho. Eles foram responsáveis pela gênese do modernismo em nosso país e essa produção pode ser vista em conjunto no livro Art déco no Brasil – Coleção Fulvia e Adolpho Leirner, escrito pelos pesquisadores Ana Paula Simioni (IEB-USP) e Luciano Migliaccio (FAU-USP).
Os Leirner começaram sua coleção de artes decorativas brasileiras no início dos anos 1970. O objetivo era ambientar sua residência, em contraponto a outra coleção que iniciavam, de arte construtiva e acharam que o estilo modernista do art déco era a linguagem ideal para essa combinação. Era um estilo a que pouquíssimos davam atenção, o que favoreceu a aquisição pelo casal de highlights do período, além de suas representações em diversos suportes artísticos.
“As duas coleções, a de arte construtiva e a de arte modernista, surgiram paralelamente ao desejo do casal de habitar um ambiente que manifestasse seu gosto por uma concepção moderna da vida, aliando funcionalidade, conforto e prazer estético”, relatam os autores no texto introdutório do livro. “O acervo formado pelos dois colecionadores, guiados pela curiosidade em relação a todas as manifestações, artísticas ou não, e a todos os campos da produção que formaram o gosto do público da São Paulo moderna, confirma o que as análises historiográficas mais recentes vêm evidenciando: o campo cultural de outrora era extremamente rico, variado e multiforme.”
No livro, os autores analisam obra a obra, repassando, a partir do que sobressai em cada item da coleção, os diversos aspectos artísticos do período. As obras vêm acompanhadas também de seu percurso em exposições e publicações. Além de ser um documento sem precedentes sobre o período, o livro demonstra a relevância da atuação do casal como colecionadores e rememora a formação do mercado de artes no Brasil.
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