As atividades domésticas foram atribuídas às mulheres por vários séculos. Felizmente, hoje esse estereótipo de gênero vem sendo aos poucos desconstruído e as mulheres lutam todos os dias em busca da igualdade de gênero. Mas e quanto a construção física dos lares que as acolhe?
As “engenharias” são tradicionalmente entendidas como “masculinas” e mesmo com as mulheres sendo maioria em algumas carreiras (como engenharia de produção, têxtil e bioprocessos), em outras, por exemplo a engenharia civil, ainda falta representatividade.
Notando a dificuldade das mulheres da periferia em manter e reparar seus lares, a arquiteta Carina Guedes criou a iniciativa Arquitetura na Periferia, do Instituto de Assessoria a Mulheres e Inovação – IAMÍ, de Belo Horizonte (MG). O projeto capacita grupos e turmas de mulheres da periferia sobre reformas, construções e instalações em suas residências.
As participantes são apresentadas a práticas e técnicas de projeto e planejamento de obras. Elas recebem um microfinanciamento para que possam conduzir a reforma com autonomia. Desde 2014, o projeto já atendeu 61 mulheres e foi um dos finalistas na categoria Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2019.
Falando sobre o significado da independência de criar e construir suas próprias casas, a arquiteta da iniciativa Arquitetura na Periferia, Mari Borel, explica “a maioria delas demonstra inicialmente certa dependência da figura masculina para consertar um vazamento ou mudar uma pia de lugar. São reparos pequenos, mas que têm importância no dia a dia. E quando elas entendem que são capazes de fazer esses trabalhos, nos relatam que a melhoria vai além da moradia, se tornam mais autoconfiantes. São transformações sociais, elas ficam mais fortalecidas”.
Para garantir sua continuidade, o Arquitetura na Periferia conta com uma plataforma online na qual interessados em ajudar podem apadrinhar o projeto, com doações mensais que a partir de apenas R$ 12.
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