O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo realizou no último dia 15 a votação para eleger seus próximos gestores. Mais de 108 mil profissionais de todo o país escolheram os conselheiros, sendo que o número de eleitoras mulheres foi o maior de toda a história, com 40% dos votos válidos. O resultado foi um reflexo desta representatividade: 77% das cadeiras do próximo mandato serão ocupadas por mulheres, sendo 54 titulares e 66 suplentes.
Elas irão tomar decisões que impactam no trabalho da categoria: atualmente, 63% dos profissionais são mulheres. Uma destas representantes será a arquiteta e urbanista Fernanda Haddad, eleita conselheira pela Chapa 1 CAU+Plural — que é formada por 156 mulheres e recebeu mais de 11.500 votos. “Participar dessa onda de empoderamento das arquitetas brasileiras é, sem dúvida, muito gratificante. Suaviza um pouco essa onda de retrocesso que temos vivido ultimamente”, conta Fernanda, que trabalha há mais de 27 anos na área.
Fernanda pontua que, apesar da crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, elas ainda são minoria nos cargos de liderança. “Nossos salários ainda são menores, e, no dia a dia, muitas vezes somos sujeitas a preconceitos velados ou explícitos ao desempenhar funções que são consideradas masculinas pelo senso comum”, desabafa. Entre seus planos e desafios, estão ampliar a participação feminina no conselho e trabalhar com comissões específicas que colocarão as propostas das conselheiras em prática. “Estamos muito animadas! Sem falsa modéstia, essa gestão feminina vai reinventar o CAU”.
Arquitetas na gestão
Outras duas chapas formadas totalmente por mulheres também concorreram: a Mais Arquitetas, de Santa Catarina, que venceu com 40,5% dos votos, e a Elas por Todos, do Mato Grosso do Sul, que elegeu as únicas mulheres como conselheiras titulares do CAU/MS.
Em setembro deste ano, a arquiteta e urbanista Maria Elisa Baptista tornou-se a nova presidente da direção nacional do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), sendo a primeira mulher a ocupar o cargo em quase 100 anos de história do instituto.