Morar em apartamentos pequenos, com metragens que variam de 40 a 60 m², é uma realidade para muitos brasileiros que enfrentam o desafio de organizar a vida com pouco espaço.
Isso, no entanto, não precisa ser um problema – basta escolher móveis ajustados às dimensões do apê. Afinal, peças de tamanhos maiores podem comprometer a circulação e atrapalhar a paz do morador.
“Sem o suporte de profissionais especializados, as escolhas dos moradores podem se interferir na harmonia da decoração e não oferecer o conforto esperado”, destaca Fernanda Mendonça, do escritório Oliva Arquitetura.
Em conjunto com as sócias Bianca Atalla e Elisa Ju, as profissionais destacam os seis erros mais comuns que fazem os espaços pequenos parecerem ainda menores e as soluções para não errar. Confira!
Comprar mobiliários mal dimensionados
De antemão, comprar móveis por questões estéticas e de conforto é o caminho para o erro. Antes de adquirir um sofá, rack, poltrona ou outras peças para compor a decoração, é fundamental tirar as medidas que colaboram para duas importantes decisões: a escolha do modelo e a definição do local a ser instalado.
“Antes de ir às compras, medidas anotadas garantem o encaixe perfeito”, aconselha Bianca Atalla.
Nesta sala, por exemplo, o trio não queria perder nenhum centímetro do ambiente. Com tudo escolhido de acordo com o projeto, o resultado foi uma circulação agradável entre o sofá e o rack.
Marcenaria sob medida mal dimensionada
Pode soar exagero, mas a marcenaria é um dos pontos altos do projeto. A afirmação é justificada, já que colabora para definir o layout, principalmente em um apartamento pequeno.
O trio revela que, depois de realizarem o projeto, contam com a parceria de um marceneiro experiente e especializado no trabalho. “Se durante e execução da marcenaria o profissional começar a fazer mudanças sem avaliar o impacto, o resultado será uma marcenaria mal dimensionada e fora do conceito definido, resultando em um ambiente menor do que realmente é”, revela Elisa Ju.
Especializadas na execução de apartamentos pequenos, as sócias do Oliva relatam que sempre conversam com os clientes para entender a rotina de quem viverá sozinho ou da família, de forma a viabilizar as demandas da melhor forma.
Nesse projeto, com apenas 35 m², elas produziram um espaço multiuso: a bancada da cozinha serve de apoio para o preparo das refeições, pode ser usada como balcão e ainda faz as vezes de móvel para a TV.
Escassez de iluminação natural
A ausência da iluminação natural – decorrente de janelas menores instaladas pelas construtoras – tem se tornado frequente nos imóveis construídos em São Paulo, contribuindo para a sensação de ambientes apertados.
“Em casos assim, recorremos às normas do condomínio para verificar possibilidade da troca por um modelo maior. Se permitido, o investimento contribui para a sensação de amplitude e bem-estar dos habitantes”, diz Fernanda.
Na planta original, esta varanda apresentava pequenas janelas que não permitiam abundância de luz natural. Após o sinal verde da administração, o cômodo ganhou vida nova com o fechamento de vidro, que assegurou privacidade e a proteção ao sol forte e a chuva.
“Poderíamos aplicar uma película opaca, mas preferimos aproveitar a iluminação em sua plenitude”, relata Bianca.
Exageros na decoração
Quanto mais decorado melhor, certo? Errado! Segundo as arquitetas do Oliva Arquitetura, as pessoas costumam acreditar que deixar espaços com aspecto de “vazio” é uma escolha errada. Todavia, pesar na decoração, além de deixar o ambiente carregado, também traz a sensação de pouco espaço.
Por isso, a dica é trabalhar o equilíbrio na escolha de quadros e objetos decorativos e a instalação de prateleiras, entre outros pontos. Cantos vazios – que até então seriam desprezados –, podem ser a solução, como o caso da parede do projeto deste dormitório, que ganhou uma sapateira e uma gallery wall com fotos tiradas no casamento e na lua de mel dos moradores.
Má utilização das paredes
Paredes vazias pedem parcimônia para definir sua estética com a personalidade dos moradores. Nichos e prateleiras trazem praticidade para o dia a dia.
A arquiteta Bianca Atalla conta que nesse projeto o escritório reservou uma parte da parede para explorar o décor. “Fizemos uma composição de caixotes de feira usados como nichos e prateleiras que receberam itens especiais do casal, mesclando o rústico e o clássico”, destaca.
Manter os cômodos todos separados
Por fim, outra dica fundamental: a integração dos ambientes, recurso que colabora para atenuar impressão de lugar pequeno. Eliminar uma parede para conectar dois cômodos depende do espaço disponível.
Para delimitar a ideia original de ambiente, divisórias vazadas são alguns dos recursos empregados em projeto. A marcenaria entra em ação quando a união também pede momentos de privacidade. Com portas retráteis, a sala de TV, conectada ao jantar, passa a ser um lugar reservado com o fechamento das folhas.