MASP sem pilares vermelhos? Entenda a restauração do museu!
Após o restauro do prédio, o vermelho voltará: desenvolvida pela Azkonobel, a cor recupera o padrão original e foi batizada de Interfine 878 Vermelho MASP
Desde o dia 22 de abril, o Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) está em obras para a restauração do prédio: além do fechamento do vão livre, a tradicional cor vermelha dos pilares foi retirada, deixando a construção em tons de cinza. As ações visam resolver desgastes significativos causados pela ação do tempo e pela exposição às intempéries e contam também com o conserto e a repintura dos pilares e das vigas externas, assim como da laje de cobertura do vão livre.
“É a primeira vez que essas estruturas passam por um processo que leva em consideração critérios e parâmetros de restauro e preservação do patrimônio histórico. Nós assumimos o compromisso de aplicar metodologias científicas em todas as etapas, mantendo um rigor técnico que será também aplicado durante a obra no vão livre”, explica Miriam Elwing, gerente de projetos e arquitetura do MASP.
Metodologias de preservação e restauro
Respeitando a magnitude histórica do edifício, o concreto armado dos pórticos será recuperado com a utilização de dois produtos químicos de nanotecnologia que atuam diretamente nos aços da estrutura. O primeiro elimina a ferrugem comprometida e o segundo cria uma proteção para evitar futuras corrosões – as substâncias agem de forma não invasiva, sem a necessidade de expor as barras completamente. Para acompanhar e evitar potenciais adversidades, foram instalados sensores de monitoramento nas estruturas.
Após solucionar os problemas do aço, será feita a recomposição do concreto nos pontos que ele foi retirado. Com a finalidade de evitar uma aparência desigual com as intervenções, foram desenvolvidas argamassas com diferentes pigmentações para se adequar às cores já existentes no concreto do MASP que, com o passar do tempo, desenvolveu colorações específicas.
Cor vermelha de volta!
Para recuperar a cor vermelha, que chegou aos pórticos em 1990 para proteger a estrutura de concreto e foi uma escolha da arquiteta Lina Bo Bardi, a AkzoNobel desenvolveu um sistema de pintura de alto desempenho que garante resistência e durabilidade, respeitando a qualidade estética do simbólico vermelho do MASP.
Três produtos da marca serão usados no projeto: o verniz epóxi Intergard 2001, o revestimento epóxi Interseal 670HS e o acabamento Polisiloxano Interfine 878, que conferem às superfícies pintadas, entre outras características, a facilidade de remoção de sujeiras.
“Este será o primeiro grande projeto de um museu com revestimento Polisiloxano em concreto no Brasil. O produto conta com uma altíssima resistência ao intemperismo e à degradação, oferecendo uma excelente retenção de cor e brilho a fim de manter um dos mais altos padrões visuais e de estética, quando comparado aos revestimentos convencionais de mercado”, explica Giuliano Tramontini, gerente comercial de revestimentos marítimos, de proteção e para iates na América Latina da AkzoNobel.
Para manter a identidade colorimétrica, um time de coloristas da marca trabalhou para alcançar o padrão da cor original. A tonalidade foi batizada como Interfine 878 Vermelho MASP. Para aplicar novamente a cor vermelha, a AkzoNobel também desenvolveu um sistema de pintura que oferece extrema resistência com a finalidade de estender a vida útil da renovação – todo o processo foi acompanhado e aprovado pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
Plano de preservação do MASP
O projeto de restauro dos pórticos se iniciou com uma pesquisa histórica e um levantamento documental sobre a estrutura do edifício acerca de todas as intervenções implementadas em seus pilares e vigas, desde a sua construção até o período atual. Também foram elaborados testes de campo para a definição dos procedimentos de remoção da pintura existente e de recuperação do concreto, de forma a preservar a sua textura e coloração. Diversos testes também foram feitos para retomar a cor vermelha dos pórticos.
Como parte do conjunto de ações, também serão realizados serviços de manutenção e conservação na laje que cobre o vão livre. Essa etapa inclui a limpeza, mapeamento de patologias e testes de recuperação e restauro do concreto armado. As intervenções serão executadas de forma gradual para minimizar o impacto da operação do museu e não comprometer o acesso do público ao espaço. Durante o período de obras, será instalado um tapume no vão por medidas de segurança. Futuramente, a instituição irá realizar o restauro dos bancos, a instalação de guarda corpo de segurança, uma nova impermeabilização dos espelhos d’água, das jardineiras e do piso, além da adequação às normas de acessibilidade.
“A administração atual do MASP, em colaboração com as empresas parceiras e patrocinadores, está dedicando todos os esforços para preservar e honrar o legado do Edifício Lina Bo Bardi, de imensa importância para a cidade e todo o país”, pontua Heitor Martins, diretor-presidente, MASP.
O plano de preservação do MASP tem como propósito entregar o histórico Edifício Lina Bo Bardi restaurado junto ao projeto de expansão, que consiste em um novo edifício nomeado Pietro Maria Bardi, que contará com 14 andares ocupados por cinco galerias expositivas e duas galerias multiuso, ampliando a área expositiva do museu em 66%. O projeto é do escritório Metro Arquitetos. Com a união dos dois prédios, o MASP irá oferecer uma estrutura ampliada para exposições, programas educativos e serviços de restauro de obras, possibilitando ao público maior acesso à cultura.