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O que você precisa saber antes de fechar sua varanda com vidro

Cada vez mais comum nos apartamentos novos, fechar a varanda com vidro é uma solução prática, mas exige uma série de cuidados. Confira nosso guia

Por Loft
Atualizado em 29 fev 2024, 11h49 - Publicado em 28 jun 2022, 19h00

Por Nádia Kaku

Varanda com fechamento em vidro
Projeto de Studio A+G Arquitetura (Produção Visual: A+G arquitetura/Fotos: Juliano Colodeti, do MCA Estúdio/Casa.com.br)

Nos últimos anos, a varanda tem ganhado protagonismo nas plantas dos apartamentos não só pelas metragens cada vez maiores, como também pela versatilidade do seu uso.

“Como muitas vezes há uma churrasqueira, a opção mais comum dos clientes é criar um espaço gourmet. Mas tem muita gente que instala ali o home office ou ainda integra com a sala para ampliar a área social”, enumera o arquiteto Neto Porpino.

Varanda gourmet com churrasqueira
Projeto de PB Arquitetura (Henrique Ribeiro/Casa.com.br)

Dependendo do layout do imóvel, é possível uni-la até com a cozinha e transformá-la em sala de jantar, retirando ou não a esquadria original.

Para aproveitar melhor esses metros quadrados, o fechamento da varanda com vidro é uma prática recorrente. Além de valorizar a vista e aumentar o valor do imóvel, também evita o acúmulo de poeira – principalmente em prédios localizados em avenidas movimentadas -, e ajuda a isolar o ambiente dos barulhos da rua e vice-versa.

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“É uma ótima opção tanto para quem tem vizinhos barulhentos quanto para quem é o vizinho barulhento”, explica Katia Regina de Almeida Ferreira, gerente comercial da Construção Vidros. Para quem possui animais ou crianças, é recomendável utilizar redes de proteção além do vidro.

Mas atenção: o fechamento precisa atender a uma série de normas do condomínio, dos fabricantes e também precisa de uma ART ou RRT (documentos que comprovam que o projeto foi desenvolvido por profissionais habilitados), que pode ser emitida por um arquiteto, engenheiro ou até mesmo pela empresa que está fornecendo o serviço.

Passo a passo: como fechar a varanda de apartamento com vidro

Varanda com deck integrada
Na varanda do apartamento de Flávia Lauzana, o painel de madeira esconde a condensadora do ar-condicionado. No piso, o deck corrige o desnível. Projeto de Flavia Lauzana. Projeto de Flavia Lauzana (Loft/Mariana Orsi/Reprodução)

“O primeiro passo é sempre consultar o Regimento do Condomínio, pois as empresas que fornecem o serviço de envidraçamento seguem o padrão estipulado e aprovado em assembleia”, explica Kátia. É ali onde vão estar as especificações que o morador precisa seguir, como quantidade de folhas e tipos de vidro, espessura, largura e forma de abertura.

“A aprovação desses itens deve ser feita por meio de uma assembleia geral específica de condomínio, para que a fachada fique praticamente padronizada, sem afetar as características arquitetônicas do prédio”, explica José Roberto Graiche Junior, presidente da AABIC – Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo.

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Itens que podem alterar o exterior precisam ser consultados, como o modelo e o material da cortina e a cor da rede de proteção. O cuidado também vale para as modificações internas da varanda, que precisam seguir regras mesmo depois de envidraçadas: cor da parede, objetos pendentes (como plantas e redes) e mudança de piso podem ser vetados.

“Caso as especificações não sejam seguidas, o condomínio pode entrar com uma medida judicial, pedir a suspensão da obra e até desfazer o que já foi instalado”, alerta José.

Retirar as paredes e integrar a varanda à área social, nivelando o piso, também é algo que precisa ser estudado caso a caso.

“Não há um consenso geral sobre trocar portas e janelas de lugar ou retirar paredes. Isso varia de acordo com o prédio. Antes de mudar qualquer divisória, é preciso consultar as regras do condomínio e verificar a planta estrutural do apartamento para ver onde estão as vigas e as colunas”, explica a arquiteta Pati Cillo.

Se o imóvel for antigo e não possuir o desenho do projeto estrutural atualizado, é necessário contratar um engenheiro para avaliar a construção e emitir um laudo técnico.

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Outro ponto a se atentar é em relação ao ar condicionado. “Caso o espaço a ser fechado com vidro for acomodar a condensadora, é necessário obedecer às recomendações do fabricante, devido à circulação de ar”, alerta Neto. Vale lembrar que não é todo prédio que permite que o equipamento fique na varanda.

Instalação e modelos

Varanda integrada com espaço para pet
No apartamento projetado por Cristiane Schiavoni, além do vidro, redes de proteção foram instaladas para proteger os dois gatinhos da família. Projeto de Cristiane Schiavoni (Loft/Guilherme Pucci/Reprodução)

Existem vários tipos de modelos de fechamento, mas o mais adotado em prédios é o retrátil, também conhecido como cortinas de vidro ou fechamento europeu – aqui, painéis de vidro alinhados são instalados diretamente num trilho único.

Ao abrir, cada folha gira em ângulo de 90 graus, todas correm sobre o trilho e podem ser alinhadas na lateral do vão. “Esse modelo representa cerca de 90% dos envidraçamentos atuais, só os prédios mais antigos ainda utilizam o sistema fixo e corre, como se fosse uma janelão”, explica Kátia.

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(Tua Casa/Reprodução)
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“Em São Paulo, conforme a ABNT NBR 16259 (Norma de Envidraçamento de Sacadas), para edifícios acima de três andares só é seguro utilizar vidro temperado, as espessuras podem ser de 6 a 18 mm”, explica Rodrigo Belarmino, CEO da Solid Systems.

Esse modelo evita estilhaçamento no caso de quebra por conta de impactos e resiste a ventos de até 350 km/h. “Geralmente, os andares mais baixos utilizam vidro de 10 mm e os andares mais altos de 12 mm”, diferencia Kátia.

“Uma opção que faz o maior sucesso é o sistema de envidraçamento de sacadas automatizado, no qual os vidros se recolhem automaticamente, acionado por controle remoto, celular, automação ou comando de voz”, detalha Rodrigo.

Varanda com bancos e almofadas
Projeto de Livia Amendola (Produção visual: Estudio Cabe/Fotos: Raiana Medina/Casa.com.br)

Essa alternativa, no entanto, precisa vir de fábrica, ou seja, não é possível automatizar um sistema já executado. “Em relação a valores, depende muito da quantidade de vidros automatizada. Hoje, é muito comum as varandas possuírem um sistema misto, no qual somente um ou dois vãos – aqueles que o cliente abre mais – são automatizados e o restante continua abrindo manualmente”, completa Rodrigo.

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Quanto às cortinas, uma opção que é geralmente oferecida aos moradores é a escolha do percentual de visibilidade: 1%, 3% ou 5%. “Quanto menor o percentual, mais fechada é a cortina. Ao mesmo tempo que impede a passagem do calor e da luz, dificulta a visão para fora”, explica Neto.

Com todas essas informações em mãos, o morador pode contratar o fornecedor que preferir. “O condomínio não pode exigir uma empresa específica para fazer o serviço”, diz José. Caso o imóvel troque de proprietário, o síndico ou a administradora precisa enviar uma minuta da ata que foi aprovada pelo condomínio com todas as informações para o novo condômino.

Vedação

Varanda integrada com estar; sofá curvo e poltronas
No projeto assinado por Sabrina Salles, a varanda fechada com vidro foi integrada à área social do apartamento e agora faz parte do living. Projeto de Sabrina Salles (Loft/Julia Herman/Reprodução)

Quanto à chuva, é necessário um esclarecimento: nenhum sistema oferece 100% de vedação. “A flambagem ou encurvadura é um fenômeno que acontece porque o vidro é uma peça esbelta e flexível e, quando submetido à pressão do vento durante uma tempestade, tende a flexionar o vidro e pode criar algumas frestas. Dessa forma, não é possível garantir 100% de estanque”, esclarece Kátia.

O passo a passo para fechar sua varanda com vidro:

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Projeto de CM Arquitetura (Fellipe Lima/Casa.com.br)
  1. Consulte o Regimento do Condomínio: é ali onde vão estar as especificações de quantidade de folhas e tipos de vidro, espessura, largura, forma de abertura e cortinas.
  2. Se o envidraçamento não constar no Regimento: é preciso que os itens sejam aprovados em uma assembleia geral específica de condomínio. Para isso, é necessário também que o condomínio consulte um engenheiro estrutural para definir qual a melhor forma de fechar as varandas, sem danificar a estrutura.
  3. Contrate uma empresa especializada: o condomínio não pode exigir um fornecedor específico, você pode contratar qualquer mão de obra que siga as especificações determinadas pelo condomínio. É claro que, às vezes, compensa para os condôminos fecharem com uma empresa só para diminuir o custo.
  4. ART e RRT: a empresa que fornece o serviço também precisa emitir a ART ou RRT (anotação de responsabilidade técnica ou registro de responsabilidade técnica, documentos que comprovam que o projeto foi desenvolvido por arquitetos ou engenheiros habilitados e registrados nos conselhos de arquitetura e engenharia).
  5. Atenção aos detalhes: qualquer mudança que altere a fachada precisa ser consultada com o condomínio. Além de vidros, redes de proteção e cortinas precisam seguir especificações pré-determinadas.

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